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Escassez de professores afecta expansão do ensino de português na Califórnia


Quinta, 05 de Dezembro de 2019

A escassez de professores e os constrangimentos do departamento de educação estão a afectar a expansão do ensino de português na Califórnia, onde o adjunto da coordenação do instituto Camões, Duarte Pinheiro, encontrou menos alunos que o esperado. De acordo com o responsável, que esta semana acompanha a escritora e ilustradora Catarina Sobral num programa de 'workshops' em escolas da Califórnia, há agora 1.461 alunos de língua portuguesa em 15 escolas públicas espalhadas pelo estado, 11 das quais secundárias. "Manifestamente menos alunos que o que pensávamos", disse à Lusa Duarte Pinheiro.

A estimativa anterior apontava para 2.200 alunos, conforme tinha indicado à Lusa o presidente do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, Luís Faro Ramos, na sua primeira visita à Califórnia, em Março.

Das 15 escolas contabilizadas pelo adjunto de coordenação Duarte Pinheiro, uma é de primeiro ciclo, três são preparatórias e 11 são escolas secundárias. Duas começaram os programas de português no ano lectivo 2019/2020, a John Pitman High School e a Dutcher Middle School, em Turlock. "Há desafios que têm a ver com a escassez de professores, que é geral no departamento de educação da Califórnia e não afecta só o português", explicou o adjunto, que assumiu o cargo recém-criado em Março. "Não estou tão preocupado quanto aos números de alunos neste momento", referiu, uma vez que há apetência e interesse pela aprendizagem de português.

Uma das dificuldades é que a Califórnia emite vistos de apenas um ano para os professores, no âmbito de algum "proteccionismo" do departamento de educação que Duarte Pinheiro espera ser alterado com o novo superintendente, Tony Thurmond.

O custo de vida elevado no estado também coloca entraves à atracção de mais professores, em especial na região de São José, onde a comunidade portuguesa tem uma dimensão relevante.

Actualmente, a maior concentração de docentes e alunos encontra-se em Turlock, Hilmar e Tulare, no vale central, e San Diego, no sul.

Em Artesia, comunidade luso-americana no condado de Los Angeles, Duarte Pinheiro e o cônsul-honorário de Portugal, Paulo Menezes, vão discutir um programa para voltar a oferecer ensino de português às crianças na localidade. "Há vários desafios que estão identificados neste momento", resumiu o adjunto, fazendo um "balanço positivo" dos primeiros oito meses de coordenação, durante os quais foram organizados vários programas de formação e 'workshops' semelhantes ao que Catarina Sobral realiza esta semana.

A escritora está a oferecer dois 'workshops' de escrita e ilustração a alunos de português baseados nos seus livros "O Meu Avô" e "Impossível", com passagem por escolas em Hilmar, Tulare, São José e San Diego, o 'hall' português de Sausalito, a Universidade Estadual da Califórnia, Fresno e a Universidade Estadual da Califórnia, Berkeley.

As próximas acções integradas no plano de divulgação da língua portuguesa do instituto Camões estão marcadas para 06 e 08 de Fevereiro em Hilmar e Berkeley, com formação de docentes ministrada pela professora Isabel Margarida Duarte, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

A Califórnia é o estado norte-americano com maior diáspora lusa, contabilizando uma comunidade de 346 mil pessoas de origem portuguesa, de acordo com o censo de 2010.


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