Vida das mulheres do Mosteiro de Arouca em exposição em castelo da Croácia
“A mulher na vida no Mosteiro de Arouca” é a exposição que é inaugurada hoje no Castelo Trakošćan, no município de Bednja, na Croácia, como reflexão sobre o papel feminino em vários campos de decisão ao longo da história.
Em comunicado, o instituto público Património Cultural indicou a mostra, patente até 08 de julho, resulta de uma parceria com o comité internacional do Conselho Internacional de Museus (ICOM, na sigla inglesa) para a Gestão de Museus, que é presidido por Goranka Horjan, historiadora de arte que também dirige o referido castelo croata.
Essa responsável conheceu o mosteiro do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto em fevereiro de 2023, no seminário do ICOM realizado nessa altura em Arouca, e partiu da sua iniciativa a conceção de um evento que, a partir dos exemplos dessa geografia concreta, permitisse ao público croata refletir sobre “a importância e o papel ativo e diferenciador da Mulher ao longo da História”.
Pertencente à Ordem de Cister e em tempos considerado um dos mais relevantes da Península Ibérica, o Mosteiro de Arouca proporciona uma perspetiva particularmente útil sobre a dinâmica feminina porque, como refere fonte do Património Cultural, acolheu uma série de mulheres que “sempre tiveram poder de decisão e relevo histórico, artístico, religioso, social e cultural” na gestão do território.
Exemplo disso são a rainha santa Mafalda Sanches e ainda personalidades como Eileuva, Toda Viegas, Maior Martins, Leonor Coutinho, Melícia de Melo, Ana Beleza de Andrade, Bernarda Teresa Beleza de Andrade, Maria José Gouveia Tovar de Menezes e Maria Rosa do Sacramento.
“Essas figuras possuíram cargos, funções e feitos diferenciados na história do Mosteiro de Arouca e tiveram em comum uma extrema importância na vida monástica arouquense e portuguesa, sendo exemplos do papel distintivo e poderoso que as mulheres tiveram ao longo da História”, declarou a mesma fonte.
A seleção das personalidades a apresentar na exposição coube à equipa do Mosteiro de Arouca, numa colaboração entre o Município e a Real Irmandade Rainha Santa Mafalda, “com base numa investigação histórica profunda, que recorreu não apenas a bibliografia, mas também a historiadores e investigadores locais”.
Reunindo informação diversa, entre a qual bibliografia, fotografias e vídeos, a mostra na Croácia complementa a exposição “Quem casa com quem?”, já patente desde abril noutra secção do Castelo Trakošćan, e concentra-se nos mencionados “10 exemplos portugueses de vida no feminino, na riqueza e no poder”.
Dá-se assim a conhecer o contributo das mulheres de Arouca para aspetos tão distintos como a gestão de recursos agrícolas, a educação de órfãos abandonados à porta do mosteiro na chamada “Roda dos Expostos” e a invenção de doçaria conventual que ainda hoje ocupa lugar destacado na gastronomia nacional.
Nesse retrato coletivo, uma das personalidades mais marcantes é Maria Rosa do Sacramento, serva da última freira que habitou o Mosteiro de Arouca e, após a morte dessa monja, principal responsável pela defesa, proteção e salvaguarda das peças que compõem o acervo histórico do edifício, atualmente disponível no Museu de Arte Sacra que integra o imóvel.
Segundo o Património Cultural, Maria Rosa foi também “fundamental na transmissão oral e preservação de toda a sabedoria e confeção da doçaria conventual” criada no Mosteiro de Arouca – antes de morrer numa das suas celas, em 1942, aos 83 anos de idade.