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População de Albergaria-a-Velha tenta retomar normalidade

Com as chamas a começar a dar tréguas aos bombeiros e civis, e com a reabertura das principais vias, população local faz contas à vida e tentam voltar à normalidade

A população de Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro, tenta retomar a normalidade numa altura de alguma acalmia, em que as chamas que lavram no concelho desde domingo parecem começar a dar tréguas e as principais vias reabriram ao trânsito.
Apesar de as escolas e vários serviços públicos ainda estarem encerrados, veem-se diversos estabelecimentos comerciais de portas abertas, ao contrário do que aconteceu na segunda-feira, como é o caso do restaurante Solar o Condado.
“Ontem [segunda-feira] não havia condições para abrir, porque havia muito fumo aqui à volta e o incêndio andava aqui mesmo ao lado. Em volta também estava tudo fechado”, disse à Lusa Barão Andrade, funcionário no restaurante há 18 anos.
Este empregado de mesa conta que a situação esteve muito complicada e chegou mesmo a ter de pegar numa mangueira para apagar as chamas que andavam nos terrenos vizinhos.
Ali perto, no lugar da Semouqueira, à beira da estrada estavam Alberto Pires e a mulher com meia dúzia de baldes de plástico cheios de água e o olhar atento para o que se passa numa zona florestal junto à sua casa.
“Estamos aqui desde ontem às 09:00 para ver se o incêndio não passa para este terreno em frente à nossa casa”, disse Alberto Pires, adiantando que os baldes "são para atacar logo qualquer chama que apareça”.
Alberto Pires contou que a situação esta tarde está mais calma, mas na última noite viveram-se momentos de verdadeira aflição, com as chamas a andar a poucos metros da sua casa.
“Isto está tudo queimado até à variante. Até a erva da rotunda ardeu. Os bombeiros estiveram aqui de manhã a deitar água, mas, coitados, eles não podem estar em todo o lado”, desabafou.
Numa outra zona da cidade, Carlos Manuel anda com uma mangueira a regar um terreno particular situado atrás da sua casa que não escapou às chamas, apesar de, segundo disse, ter sido limpo há cerca de mês e meio".
“Há dois dias que ando aqui, porque isto está sempre a reacender. De manhã viemos aqui meter dois baldes de água para ver se parava com isso e, entretanto, reacendeu outra vez”, contou este morador.
No pavilhão municipal de Albergaria-a-Velha, que a autarquia transformou num dormitório improvisado, ainda permaneciam a meio da tarde algumas crianças e jovens que foram retirados de um lar residencial e dois idosos com mobilidade condicionada, que ficaram desalojados e para os quais a autarquia está a tentar encontrar uma solução de alojamento.
Já no que diz respeito às crianças e jovens, a vereadora que tem o pelouro da Ação Social diz que estão reunidas as condições para regressarem às instalações da associação.
Segundo Catarina Mendes, os restantes desalojados que passaram ali a noite “já encontraram soluções temporárias, através de respostas de retaguarda essencialmente”, e "as pessoas que estavam em trânsito já seguiram as suas viagens".
As escolas do município reabrem na quarta-feira, garantiu o presidente da Câmara, António Loureiro.
Pelo menos sete pessoas morreram e 40 ficaram feridas, duas com gravidade, nos incêndios que atingem desde domingo a região Norte e Centro do país, como Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, distrito de Aveiro, que destruíram dezenas de casas e obrigaram a cortar estradas e autoestradas.
As mais recentes vítimas são três bombeiros que morreram hoje num acidente quando se deslocavam para um incêndio em Tábua, distrito de Coimbra.

Setembro 17, 2024 . 17:49

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