Norte de Águeda (também) fustigado pelas chamas
Um périplo pela zona norte do concelho de Águeda, realizada na manhã de ontem, permitiu-nos constatar pequenas comunidades em estado de alerta, com as pessoas a limparem pedaços de mato e de terrenos, nas bermas das estradas e a “guardarem” as suas casas, na expetativa de que um indesejado combate poderá chegar-lhes - ou regressar - à porta.
Em Lamas do Vouga, Macinhata do Vouga e Valongo do Vouga viajámos, por estradas ladeados por muito “preto queimado”, com uma atmosfera de fumo e chamas ao longe, com alguns pequenos reacendimentos pelo meio.
«Ardeu tudo por aqui à volta», disse-nos Manuel Cardoso, morador em Lamas do Vouga, realçando que, pelas 4 horas da madrugada de ontem, as chamas pareciam que tudo iam tragar». Mas não arderam casas por cá», testemunhou aliviado, garantindo que as gentes da terra juntaram-se aos bombeiros no combate, porque «não há meios para tudo».
Mais adiante foi possível comprovar quanto um incêndio pode ser destruidor, não apenas de um meio de vida, mas principalmente de uma infraestrutura - também emocional - que se construiu durante a vida.
No lugar de Carvalhal da Portela, em Valongo do Vouga, uma exploração agrícola, a Quinta da Seara, foi duramente atingida pelas chamas. E Alberto Santos, da família proprietária, deu conta da sua aflição quando, na noite de segunda-feira para ontem, pelas 2.30 horas da madrugada, soube que a quinta e, principalmente, a casa onde a sua mãe, Maria Herculano, vive com outra senhora, estavam cercadas pelo fogo.
Realçou, em primeiro lugar, o heroísmo dos bombeiros, que, com via férrea entre a estrada e a casa e a quinta, viram-se obrigados a tirar a braços as duas mulheres.
Recordando que a Quinta da Seara já teve muito gado bovino, e muitos mais animais no geral, do que hoje em dia, referenciou a morte de galinhas e a destruição de infraestruturas e equipamentos cujo valor há de ser avaliado em milhares de euros, quando a exploração não tem seguro.
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