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Depois da desgraça é hora de estender a mão a quem precisa

Setembro 21, 2024 . 07:35

Depois da desgraça é hora de estender a mão a quem precisa

Para onde se olha vê-se preto, cinza, fumo e destruição. O fogo entrou, sem aviso, no concelho e levou quase tudo à frente. Resta ter fé e acreditar na generosidade dos outros

Depois de milhares de notícias, reportagens, publicações nas redes sociais, comentários, “briefings” e análises que durante quatro dias dominaram as atenções devido aos incêndios que assolaram a região de Aveiro, «agora o foco tem de mudar e temos que levantar a cabeça, recuperar o que for possível e ajudar quem mais precisa», simplificava José Fonseca, “apanhado” sem aviso no lugar de Frias, enquanto limpava o terreno que agora está preto e a cheirar a queimado. Ao Diário de Aveiro admitiu que apanhou o susto da sua vida. «Temi por mim e pelos meus», disse, recordando que «vivi o inferno durante algumas horas». Foi tudo muito rápido, disse ao nosso jornal, «nem sabia se ajudava os vizinhos ou acudia a minha casa... nestas alturas temos mesmo que ser uns para os outros». Recordou que «senti as sapatilhas a derreterem nos pés», mas a adrenalina dispara e «uma pessoa nem pensa no perigo que corre, só quer é salvar o que puder».
A manhã de ontem estava fresca e até caíam alguns pingos... «Se estivesse assim na segunda não era a desgraça que foi. Além do calor era o vento... que danado estava!». Em Frias «não há quem tenha perdido a casa, mas foi-se a carpintaria e o “stand”. Também há muitos currais que desapareceram, mui­tos animais mesmo, uma tristeza». Apesar das vistas de Frias já não oferecerem o verde que dominava a zona, agora substituído por cinzas, árvores pretas, troncos retorcidos e chão queimado, José Fonseca vai admitindo que «podia ter sido uma desgraça maior e o fogo entrar na aldeia e levar casas e pessoas», dando como exemplo aldeias vizinhas onde se choram perdas de uma vida.
Pusemo-nos a caminho e o rasto preto do fogo malvado levou-nos a Frossos, onde é impossível não reparar na destruição da Vila Francelina, à beira da estrada. Uma casa secular arquitetada por Ernest Korrodi e classificada como imóvel de interesse municipal. Agora está resumida a paredes chamuscadas.
Alguns quilómetros à frente surge Cavada Nova. Uma aldeia numa encosta sobranceira ao concelho de Águeda onde várias casas foram totalmente consumidas pelas chamas. Estranhamente, as ruas estão desertas e calmas, mas a sensação é só aparente porque, como sussurrou Maria Silva, «acho que as pessoas ainda estão a recuperar do inferno que vivemos aqui». Explica que não tem danos pessoais a lamentar, mas conhece quem os teve e «sinto como se fosse comigo». Vai apontando uma, e outra, e outra ainda... «tudo destruído, e ago­ra?», uma delas era a moradia de fachada cor de laranja, dan­do-a como um bom exemplo da desgraça alheia.

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