Corticeira Amorim prepara fusão de três empresas a concretizar em janeiro
A Corticeira Amorim está a preparar a fusão de três empresas a concretizar em 2025, disse à Lusa fonte da companhia, o que já custou cerca de quatro milhões de euros em rescisões amigáveis, segundo o sindicato.
Segundo declara à agência Lusa fonte da Corticeira Amorim com sede no município de Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro e Área Metropolitana do Porto, as três empresas que “desaparecerão como unidades individuais” são a Amorim Cork Flooring (com instalações em São Paio de Oleiros e Lourosa), a Amorim Cork Composites (em Mozelos) e a Amorim Cork Insulation (também nessa freguesia).
A partir de janeiro de 2025, as três serão integradas “numa nova unidade de negócio designada Amorim Cork Solutions”, que irá incorporar a produção de pavimentos, isolamentos e compósitos de cortiça.
A Amorim não indicou o número de trabalhadores dispensados nessas empresas nem se os trabalhadores absorvidos pela nova unidade de negócios vão manter a antiguidade dos seus vínculos laborais, para efeitos de reforma.
O dirigente do Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte, Alírio Martins, adianta, contudo, que na Amorim Cork Flooring foi negociada a saída amigável de 102 funcionários e que apenas “um não aceitou o acordo e vai disputar o despedimento em tribunal”.
Já na segunda-feira, a Comissão de Trabalhadores tinha adiantado à Lusa que a reestruturação da unidade de negócios de pavimento da Corticeira Amorim, anunciada em maio, levou à saída por mútuo acordo de mais de uma centena de trabalhadores, até ao momento.
Alírio Martins acrescenta que as rescisões abrangeram “todos os departamentos da empresa, desde pessoal de fábrica até administrativos”, e, considerando que “algumas indemnizações são superiores a 50.000 euros”, informa que “a Amorim já gastou nisso uns quatro milhões de euros”.
Nas outras duas estruturas “não houve cortes de pessoal” e, no caso concreto da Amorim Cork Composites, “até há a previsão de se contratarem mais 40 pessoas até final do ano”.
Com base nisso, o dirigente do sindicato lamenta que o grupo prefira “dispensar pessoas do que qualificá-las” para outras funções e insiste: “Não se percebe como é que de um lado sobram pessoas e do outro há pessoas a menos”.
A Corticeira Amorim diz que o processo de reestruturação em curso desde maio na Cork Flooring – dedicada a soluções em cortiça para o chão – “surgiu na sequência do exigente contexto económico e de intensificação da concorrência que têm impactado o mercado de pavimentos na Europa e, consequentemente, penalizado a atividade dessa unidade de negócios, que, nos últimos anos, tem apresentado um desempenho negativo”.
Inverter essa situação implicou na Cork Flooring “o ajustamento da sua estrutura produtiva e de suporte à dimensão atual das vendas, de modo a reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência”.
“Adicionalmente, foram identificadas e consideradas sinergias industriais, comerciais e de suporte entre a Amorim Cork Flooring e outras unidades de negócio ‘não rolha’, pelo que a partilha de meios e recursos, bem como a exploração da capacidade produtiva instalada e das respetivas tecnologias, trará maior eficiência e eficácia às operações”, adianta.
O Grupo acredita na capacidade da futura Amorim Cork Solutions para, a partir de janeiro, “potenciar o crescimento sustentável da Corticeira Amorim” e defende que “as sinergias obtidas conduzirão a uma organização mais eficiente das operações ‘não rolha’, o que levará, a médio prazo, a um melhor desempenho, contribuindo para a diversificação do portefólio de aplicações” da marca.
Segundo dados da mesma fonte, nos primeiros seis meses de 2024 as vendas consolidadas da Corticeira Amorim totalizaram 500,7 milhões de euros, o que representa um decréscimo de 7,1% face ao período homólogo de 2023.