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Sapataria Sandrita, o espaço de Ovar que conserva a arte dos pés

À frente do balcão há cerca de 35 anos, Clementina Silva, mais conhecida por Sandrita, continua a resistir ao tempo. Admirada por muitos, foi ao lado do marido que a sapateira aprendeu todas as técnicas

Sediada na Rua Dr. José Falcão, a poucos metros do coração da cidade vareira, encontra-se a emblemática Sapataria Sandrita. Encarada como uma mar­ca de identidade no território, depois de mais de três déca­das a assumir um papel fundamental na vida dos ovarenses, a loja simboliza a resistência ao tempo e preservação de uma herança familiar. A pouco mais de um mês de se assinalar o Dia do Sapateiro (25 de outubro), Clementina Silva abriu as portas do seu estabelecimento ao Diário de Aveiro e deu a conhecer todo o seu percurso, bem como as perícias que executa.

Do desemprego ao próprio negócio
Perante todos os degraus, a evolução do pequeno espaço deu-se pelas mãos dos clientes, ao comando de Clementina Sil­va e o marido. O que muitos des­conhecem é que este é o ver­dadeiro nome da sapateira “Sandrita”, relacionado com a «filha mais velha» do cônjuge, «resultante de um anterior casamento e que se chama Sandra», informou a proprietária, acrescentando que, outrora, o negócio tinha como denominação Sapataria Fernandes.
A viver uma época instável por conta da ausência de trabalho, Clementina Silva sempre acompanhou as aptidões do marido centradas na arte dos pés, que em pequeno herdara do pai, pois este também geria uma sapataria. Lado a lado, «aprendi tudo o que um sapateiro tem de saber fazer», afirmou a gaspeadeira, destacando «a reparação de calçado, colocação de capas e reforços, e uso de colas». Mais tarde, após conseguir efetuar todas as técnicas, Sandrita passou a incluir «arranjos de malas», nomeadamente fixar fechos e alças, assim como reparações de casacos de couro. No entanto, numa fase inicial, ainda na presença de funcionários, o atendimento ao balcão foi a primeira função da artesã e assim permaneceu até o consorte demitir os trabalhadores, uma vez que «o negócio estava a correr mal» por causa do «apoderamento que se estava a fazer sentir», justificou a empresária.
No pouso das madrugadas, nem o sono pregava partidas ao casal e o trabalho continuava entre quatro paredes, no meio de infindáveis pares de sapatos, dos mais variados estilos. Os pedidos dos clientes foram a rampa de lançamento de “Sandrita” numa das mais antigas profissões e que, atualmente, assegura ser «um dos seus gran­des gostos».

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