Perdas de água na rede pública de São João da Madeira diminuíram para metade na última década
«Em São João da Madeira, levamos muito a sério a política de gestão dos recursos hídricos». A afirmação é de Jorge Sequeira, que preside à autarquia e, por inerência, ao conselho de administração da empresa municipal Águas de São João, que definiu e tem vindo a implementar um plano plurianual de eficiência hídrica que já está a «dar frutos». «Esta abordagem permite ao concelho ter níveis de desempenho de referência a nível nacional», prosseguiu o responsável em declarações ao Diário de Aveiro, referindo-se ao mínimo histórico anual de perdas de água na rede de abastecimento pública que São João da Madeira atingiu em 2023 (ainda não há dados relativos a 2024).
No ano passado, segundo apurámos junto da edilidade, apenas 12,9% da água era perdida, devido a roturas, avarias ou desvios, representando um desempenho significativamente melhor do que a média nacional (27,1%, em 2022, ou seja, muito acima dos 20% recomendados). Mas se recuarmos no tempo e nos focarmos na última década, os desperdícios de água na que é conhecida como a “Cidade do Labor” diminuíram para metade: de 26%, em 2013, para 12,9%, em 2023 - valores muito diferentes dos registados no início da atividade da Águas de S. João, a 16 de março de 2009, quando a percentagem das perdas rondava os 38%.
A aposta na eficiência hídrica tem trazido ao município sanjoanense resultados progressivamente melhores, a cada ano. Note-se, por exemplo, que a água que se deixou de desperdiçar anualmente é suficiente para abastecer a população do concelho durante seis meses.
Mas, afinal, o que fez o município para agora isto estar a acontecer? «Para estes resultados contribuem certamente os investimentos que a empresa municipal Águas de São João realizou nos últimos anos, nomeadamente a nível da eficiência hídrica», disse Jorge Sequeira, a propósito dos mais de meio milhão de euros que a Águas de S. João investiu na rede pública de água.
Comparticipado pelo PO SEUR, Programa Operacional “Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos”, o investimento em causa passou pela substituição de redes de abastecimento de água com desempenho ineficiente, assim como pela aquisição e instalação de equipamentos e programas de telegestão, com recurso a sistemas acústicos e de vídeo.
A intervenção decorreu nas zonas da Avenida do Brasil, de Santo Estêvão e do Parque de Nossa Senhora dos Milagres e não “mexeu” com a fatura dos consumidores. Aliás, de acordo com o diretor-geral da Águas de São João, «a gestão de perdas na rede de abastecimento é uma parte da operação da nossa empresa que, apesar de passar despercebida ao consumidor, tem grande importância. Num momento em que a escassez de água é uma ameaça nacional, diminuir desperdícios é uma responsabilidade de todos - sobretudo, de quem, como a Águas de São João, tem como missão gerir este bem escasso».
Recorde-se que, já em 2022, o volume de perdas tinha sido baixo, fixando-se nos 15,8%, sendo que este resultado colocava São João da Madeira no 15.º lugar entre os mais de 200 municípios do “ranking” entretanto divulgado pela ERSAR - a Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos. O dito “ranking” tinha por base o indicador “Água Não Faturada”, englobando os desperdícios gerados por fugas, roturas, derrames em reservatórios ou outras ineficiências e, ainda, as perdas comerciais, como roubos e desvios de água.
A Águas de S. João está sob alçada do município de São João da Madeira e da Indaqua - Indústria e Gestão de Águas. O primeiro acionista detém 51% do seu capital social, enquanto a Indaqua possui os restantes 49%, que adquiriu por contrato celebrado em 5 de janeiro de 2009, no seguimento de um concurso público promovido pela câmara.