Santa Casa de Lisboa quer ultrapassar os 200ME nos rendimentos dos jogos sociais em 2027
O plano de reestruturação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa prevê atingir rendimentos dos jogos sociais superiores a 200 milhões de euros em 2027, aumentando postos de venda, criando novos jogos ou expandindo a raspadinha para o digital.
Segundo o que está definido no documento, a que a Lusa teve acesso, nas projeções financeiras até 2027, com a aplicação dos programas operacionais, a SCML tem uma estimativa para 2024, em relação aos rendimentos provenientes dos jogos sociais, de 192.122.000 euros, valor que aumenta para quase 193 milhões de euros em 2025, cerca de 195,6 milhões no ano seguinte e atinge os 200.244.000 em 2027.
Significa que entre 2024 e 2027, a SCML espera crescer 4,13% nos rendimentos provenientes dos jogos sociais.
Refere que, em 2023, os jogos sociais resultaram num total de vendas brutas de mais de 3,1 mil milhões de euros, através de 4.896 pontos de venda e uma rede com 18.978 mediadores. O valor representou mais 66 milhões do que as vendas registadas em 2022.
“Pelo peso que detêm na estrutura de rendimentos da SCML, é crucial atuar sobre as receitas dos jogos sociais do Estado e incrementá-las”, lê-se no documento, que refere que o departamento de jogos tem vindo desde 2021 a implementar medidas para aumentar as vendas, mas ainda não conseguiu atingir os valores registados em 2019, antes da pandemia.
Depois de ter sido feito um pré-diagnóstico à instituição, a atual direção elaborou um plano de reestruturação assente em quatro programas operacionais, desdobrados por 19 iniciativas, a que correspondem cem medidas.
Um desses programas, ao qual foi dado o nome de Programa Operacional de Garantia de Receita (POGR), tem como objetivo o aumento das receitas através de iniciativas nos jogos sociais, saúde, ação social e imobiliário.
Concretamente em relação aos jogos sociais, e segundo o que está escrito no documento, é objetivo da Santa Casa da Misericórdia (SCML) “aumentar em 10 milhões de euros o valor a distribuir pelas entidades beneficiárias”.
“Esta medida visa aumentar as vendas brutas e melhorar a margem e as operações dos jogos sociais, nomeadamente ao nível da rede de mediadores e do impacto das ações de marketing, publicidade e comunicacionais”, lê-se no documento.
Há 14 medidas pensadas para os jogos sociais, desde o alargamento da rede em mais 200 postos de venda ainda durante o ano de 2024, o que poderá ter um impacto financeiro superior a 9 milhões de euros, e outros 800 no ano de 2025.
Para aumentar as receitas dos jogos sociais vai ser equacionado o “lançamento de novas dinâmicas de jogos da Raspadinha Física com uma vertente digital (Phygital), que permite estender a experiência de jogo da rede física para o canal digital”.
O objetivo é “implementar uma solução de inovação para rejuvenescer a lotaria instantânea física, que permitirá a conexão de jogos físicos com os interativos digitais, promovendo uma experiência de entretenimento digital exclusivo” e, através disso, tentar “captar novos públicos”.
O impacto total da medida será de 42,5 milhões de euros, aos quais se somam cerca de 7,6 milhões de euros para uma “campanha publicitária integrada”, que irá destacar a “conveniência de jogar online ou em postos de venda físicos”.
Está pensado um novo jogo de apostas mútuas, “baseado em prognósticos numéricos [que] visa diversificar o portfólio de jogos, oferecendo sorteios mais frequentes” e que a SCML espera que promova “um crescimento significativo das receitas de jogos (…), atraindo novos públicos e expandindo a base de clientes através de uma proposta inovadora e atrativa”.
Prevê-se que este projeto esteja concluído em finais de 2026 e estima-se um impacto total de quase 136,4 milhões de euros.
O programa para os jogos sociais inclui a modernização dos equipamentos de ponto de venda e plataformas de suporte, mas também um projeto-piloto, chamado Cauteleiros, cujo objetivo será “suportar tecnológica e processualmente a venda ambulante existente para os jogos da Lotaria Clássica, Popular e Instantânea, promovendo um maior controlo da atividade de Venda de Jogo, potenciando a proximidade física, digital e humana”.
De acordo com o documento, os objetivos gerais do plano de reestruturação preveem que possa ter “impacto económico-financeiro positivo ainda no segundo semestre de 2024”, traga diversificação de receitas, uma gestão mais eficaz das despesas e uma redução dos custos.