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Português de Vagos produziu no Brasil 650 máquinas de moldar soutiens

Um português de Vagos radicado no Brasil há 66 anos aperfeiçoou e produziu mais de 650 máquinas de moldar soutiens, chegando a exportar algumas para países vizinhos como Argentina e Peru

Agora aposentado, António de Almeida Gonçalves Mouro, de 80 anos, chegou com apenas 14 ao Brasil, na companhia de um irmão e da mãe, para os três se juntarem ao pai, que já se fixara em São Caetano do Sul, arredores de São Paulo. À agência Lusa, partilhou as «boas memórias» da aldeia natal, Lombo Meão, no município de Vagos, distrito de Aveiro, reproduzindo os pregões de mulheres que outrora colhiam camarinhas nos matagais da beira-mar que depois carregavam em cestas para vender pelas ruas. «No Brasil, dediquei-me a diversos serviços, incluindo lidar com máquinas de pré-moldar soutiens. Moldavam o bojo que depois se costurava, só que a minha máquina, essa, já deixava o sutiã pronto», salientou António Mouro.

O primeiro destes engenhos que conheceu, quando trabalhava numa fábrica de roupa interior feminina, em São Paulo, «veio dos Estados Unidos, mas era um trambolho mal feito». «Por um acidente de percurso, descobri que faltava na máquina um controlador de temperatura adequado. Acabou aí o problema das máquinas de moldar no Brasil», regozijou-se. As resistências queimavam-se frequentemente por sobreaquecimento e «passei então a levar os moldes para a fundição já com a resistência embutida. E aí não se queima mais, só se houver um defeito na peça», explicou António Mouro.

Com o passar do tempo, o emigrante foi aprofundando os conhecimentos e assim lançou «alguma coisa com a especialidade de António Mouro», recordou o antigo fabricante. «Havia na época muita dificuldade em tecnologia, a que existia era alemã. Aprendi muito com um amigo tecelão e passei a usar essa experiência para que o soutien moldado fosse aceite no Brasil», disse.

Em 1958, o navio argentino “Corrientes”, em que o jovem António viajou de Portugal com os familiares, atracou no maior porto da América Latina, em Santos, estado de São Paulo. «Fiquei em São Caetano do Sul com os meus pais, mas depois de casar passei para Santo André». Hoje, «estou radicado no litoral de São Paulo. A nossa casa de lazer passou a definitiva», onde vive há vários anos com a mulher, Luzia Mouro, em Boracéia, município de Bertioga, a escassos 150 metros do mar.

E recorda, «tinha muita dificuldade em montar as máquinas em Santo André, onde não existia espaço adequado, até que resolvi mudar definitivamente e aqui instalei uma oficina”, especializada em equipamentos do ramo das confeções. «Era o principal distribuidor dessas máquinas», melhoradas graças ao espírito inovador do português António Mouro.

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