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Portugal pede contenção a partidos e autoridades e manifesta preocupação

A polícia moçambicana está a dispersar com gás lacrimogéneo desde hoje de manhã os manifestantes que pretendem repudiar o assassínio de sexta-feira

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, disse hoje que o Governo português continua a acompanhar "com grande preocupação" a situação em Moçambique e apelou à contenção de todas as forças políticas e autoridades do país.

"Estamos a seguir a passo e passo, com grande preocupação", disse Paulo Rangel, referindo-se aos últimos desenvolvimentos em Moçambique, onde nas últimas horas manifestações convocadas pelo candidato da oposição nas eleições de 9 de outubro Venâncio Mondlane foram dispersadas pela polícia.

A polícia moçambicana lançou também gás lacrimogéneo contra o local onde Venâncio Mondlane fazia declarações aos jornalistas, obrigando o político a fugir.

Paulo Rangel lembrou que Portugal já condenou na semana passada "de forma muito categórica" a violência que levou aos assassínios do assessor jurídico e do mandatário de Venâncio Mondlane e pediu agora contenção a "todas as forças políticas e a todas as autoridades", de forma a haver garantia de "regularidade e estabilidade no processo eleitoral".

"É fundamental para Moçambique que o processo eleitoral corra bem e que dele resultem autoridades legítimas e respeitadas por todos", acrescentou o ministro português, que falava aos jornalistas em Madrid, onde hoje se reuniu com o homólogo espanhol, Jose Manuel Albares, e com os ministros da Defesa de Portugal e Espanha, Nuno Melo e Margarita Robles.

Rangel acrescentou que os últimos desenvolvimentos em Moçambique são também preocupantes "porque a imprensa foi afetada no seu trabalho", reiterando que o Governo está a seguir a situação com preocupação.

Venâncio Mondlane reivindica vitória nas eleições e apelou à realização de marchas pacíficas hoje, após o duplo assassínio dos seus apoiantes.

A polícia moçambicana está a dispersar com gás lacrimogéneo desde hoje de manhã os manifestantes que pretendem repudiar o assassínio de sexta-feira.

A polícia confirmou no sábado que a viatura em que seguiam Elvino Dias, advogado de Venâncio Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do Podemos, partido que apoia o candidato mortos a tiro, foi “emboscada”.

A Comissão Nacional de Eleições (CNE) tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, data que se cumpre em 24 de outubro, cabendo depois ao Conselho Constitucional a proclamação dos resultados, após concluir a análise, também, de eventuais recursos, mas sem prazo definido para esse efeito.

Num declaração conjunta divulgada após a reunião de hoje em Madrid dos MNE e dos ministros da Defesa de Portugal e Espanha, lê-se que os dois países "lamentam os assassínios ocorridos no passado fim de semana no contexto pós-eleitoral em Maputo" e esperam que "a justiça moçambicana atue com rapidez e eficácia".

Portugal e Espanha "pedem também moderação e a renúncia a qualquer forma de violência, considerando fundamental que os cidadãos possam esperar com serenidade e segurança o anúncio oficial dos resultados das últimas eleições" em Moçambique.

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