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São eles, e mais uns poucos, que fazem o GrETUA ter futuro

O GrETUA é uma casa onde cabem muitos mundos e onde as artes têm presença obrigatória. Este ano chega aos 45 anos com uma maturidade desafiante, objetivos bem definidos e uma equipa renovada para continuar a perseguir os sonhos de sempre: Bruno dos Reis é o diretor artístico, João Neto é responsável pela programação de cinema e Teresa Van-Zeller está a cordenar a seção autónoma

Diário de Aveiro: Na qualidade de diretor artístico do GrETUA, o entusiasmo da missão continua forte?

Bruno dos Reis; diretor artístico: O momento em que um jovem se apaixona pelo GrETUA é o momento em que sente que o vai perder. O GrETUA é inevitavelmente uma ideia sempre em precipício. Mas é essa vertigem que o mo­ve. A diferença essencial dos últimos anos foi a possibilidade de um gesto seu, de um movimento seu, ter a devida continuidade: de não ser interrompido pela queda. Pela passagem de testemunho, digamos. É natural, nesse sentido, que a diferença entre a proposta programática de 2019 e a de 2024 seja muito grande. Quer na quantidade quer na natureza das respetivas propostas. Não são apenas o reflexo de uma universidade, uma cidade, ou um mun­do que mudou; são também, e sobretudo, o resultado de um GrETUA que mudou amadurecendo, e, claro, que teve o apoio do seu patronato para o conseguir imaginar-se. Sabemos: a realidade anda sempre atrás das ideias, e o GrETUA sonha sempre à frente das capacidades que tem, mas existe de facto uma realidade a ser construída que transcende a mera sobrevivência, e esse lugar é muito entusiasmante.

Quanto à programação da reta final do ano, porque ganha o teatro um especial destaque?

Há, de facto, mais programação afecta à disciplina do teatro este quadrimestre, mas é tanto um gesto intencional como casuístico. Também é reflexo das condições que a Universidade de Aveiro nos consegue oferecer neste momento, e que não existiam há alguns anos. Ou seja, também é consequência do trabalho que se foi fazendo e que se está a fazer em conjunto. Por outro lado, não é inocente que surja no momento em que o GrETUA faz 45 anos, nem numa altura em que o mundo tanto necessita do teatro. Julgo que o podemos dizer abertamente: nunca existimos tanto no domínio da representação, enquanto por inverso e ao mesmo tempo produzimos gerações desertificadas simbolicamente, incapazes de criar significado; prodigiosamente informadas e acumuladoras de factos, mas desengajadas do seu sentido - que é uma coisa que se aprende pessoalmente, ao descobrir. E portanto julgo que é o melhor que temos a fazer pelos nossos jovens: ao contrário de explicar, dar-lhes a ver.

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