Antigo Cineteatro continua a degradar-se por dentro e por fora
Olhando para a fachada do que resta do antigo Cineteatro de Ovar vê-se um grupo de pombos pousado no telhado, nos beirais, nos peitoris das janelas ou nas reentrâncias criadas pela queda de estuque e tijolos. Não é por acaso, por isso, que um homem se aproxima de nós e comenta: «deviam fazer aí um pombal».
O edifício foi inaugurado em 1944 e está sem utilização desde o início da década de 1990 – só serve como poleiro para as aves. Com o tempo degradou-se de tal forma que uma parte foi demolida pela câmara. O que sobreviveu é um terço do edificado original – e mesmo este, diz a autarquia ao Diário de Aveiro, está «significativamente degradado, com o risco de a curto/médio prazo apresentar novos riscos para a segurança pública».
Outro homem, de 67 anos, lembra-se da projeção de filmes no Cineteatro. E também dos bailes, embora não os frequentasse. «Não sou amigo de dançar», diz. Por ser um imóvel emblemático da cidade, entende que pelo menos a fachada devia ser preservada.
Esse é um debate que divide Ovar. Partidos da oposição e uma parte da população, através de uma petição que recolheu mais de mil assinaturas denunciando um «atentado contra um exemplar histórico e simbólico do património construído da cidade», discordam da demolição integral do edifício desenhado pelos arquitetos Francisco Augusto e Luiz Helbling. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro, por sua vez, recomendou a preservação e classificação do imóvel.
O Cineteatro viu-se amputado em dois terços do seu volume pela queda parcial do telhado e da fachada e pelas demolições que se seguiram. Em 2016, quando era dirigido pelo atual deputado Salvador Malheiro, o município tomou posse administrativa e desencadeou o processo para a sua compra aos proprietários privados, o que viria a acontecer em 2018 por 375 mil euros.
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