A «grande missão coletiva que é mudar o mundo» também precisa do teatro
Em cada um dos assentos está pousada uma folha em branco. Numa tela colocada a meio do palco lê-se: “Uma folha em branco, etc”. Nada disto é por acaso, claro. A mensagem talvez seja: há aqui alguma coisa que teremos de escrever nós próprios, de construir com o nosso pensamento, com a nossa inquietude e com as nossas mãos. Os alunos do curso de teatro não devem estar ali como meros coletores de informações e ensinamentos, avisa Bruno dos Reis. «Descobrir ao invés de ser ensinado», desafia.
É noite de um dia de semana e a temperatura está estranhamente quente. É Aveiro, é fim de outubro, devíamos estar de casacos grossos vestidos a proteger do ar a 7 graus e das rajadas de vento capazes de fazer voar guarda-chuvas. Àquela hora a cidade está meia morta. Um clarão de luz liberta-se do Refúgio do Drinks. O resto é escuridão e silêncio. Caminho para o GrETUA, um albergue cultural que fervilha de atividade todo o ano. A casa é pequena - as instalações, o orçamento. Não lhe peçam para receber uma orquestra sinfónica com 50 músicos, o Lago dos Cisnes ou a Taylor Swift. As paredes não esticam e o resto também não e o GrETUA também não serve bem para isso. Mas lá dentro cabe muita coisa. Bruno dos Reis, o programador, enumera: teatro, cinema, concertos, dança, exposições, formações, debates, projetos de inovação pedagógica. «Uma série infinita de coisas», resume. É um empreendimento «difícil de definir». O nome - Grupo Experimental de Teatro da Universidade de Aveiro - engana. Podia ser GrIP - Grupo das Infinitas Possibilidades.
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