Parlamento vai ouvir ministro Paulo Rangel sobre incidente com militares
As comissões parlamentares dos Negócios Estrangeiros e da Defesa vão ouvir em conjunto o chefe da diplomacia sobre alegados insultos a militares no aeródromo de Figo Maduro, já desmentidos, numa audição pedida pelo PS e Chega.
Em causa estão alegados insultos feitos pelo ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, a militares, no aeródromo militar de Figo Maduro a 4 de outubro, à chegada de um voo de repatriamento de portugueses que se encontravam no Líbano.
Na semana passada, o governante já negou ter exigido acesso a uma zona não segura no aeródromo e ter insultado os militares, como foi noticiado há cerca de duas semanas pelo jornal Tal&Qual, e garantiu que a situação estava ultrapassada.
O Chega apresentou um requerimento à comissão parlamentar de Defesa Nacional e o PS entregou um outro pedido na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas, ambos com o objetivo de ouvir Paulo Rangel sobre o ocorrido. Os socialistas propuseram que a audição fosse feita de forma conjunta pelas duas comissões, o que foi aprovado.
Na comissão de Defesa, o PSD começou por declarar que não iria obstaculizar a audição do ministro, mas perante a insistência do PS e Chega para que esta decorra à porta aberta, os deputados social-democratas acabaram por votar contra o requerimento.
“Consideramos o assunto esclarecido, mas se queremos escarafunchar, vamos a isso”, disse Carlos Reis (PSD), dirigindo-se ao PS e Chega: “Depois não verterão lágrimas de crocodilo sobre a degradação das instituições”.
Nuno Simões de Melo, do Chega, declarou na comissão de Defesa que o objetivo do requerimento é “ouvir em primeira voz o que se terá passado”.
Pelo PS, o deputado Luís Reis defendeu que compete aos deputados da comissão de Defesa acompanhar a situação das Forças Armadas, razão pela qual os socialistas pediram esta audição.
Já o deputado do Bloco de Esquerda Fabian Figueiredo considerou que “se a dignidade das Forças Armadas foi ferida, não foi certamente pela ação dos deputados”, e recordou que, desde o início da atual legislatura, em março, o ministro dos Negócios Estrangeiros não compareceu “a uma única audição regimental”, fazendo votos que esta “se realize ainda no presente solstício”.
Rodrigo Saraiva, da Iniciativa Liberal, disse não se opor à audição, mas recordou que “o principal responsável, escrutinador, já falou ao país”, referindo-se ao Presidente da República.
Na comissão de Negócios Estrangeiros, o PSD absteve-se quanto ao pedido de audição, mas o deputado Paulo Neves considerou que o ministro “já esclareceu tudo”, referindo que quer o comandante supremo das Forças Armadas, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, quer o chefe do Estado-Maior da Força Aérea “também desvalorizaram”.
Livre e PCP não estavam presentes nas comissões durante a votação dos requerimentos.