UA sintetiza composto para aplicação fotodinâmica em tratamento de cancro
Um grupo de investigação multidisciplinar da Universidade de Aveiro (UA) desenvolveu e caracterizou «novos derivados de clorofila que demonstraram resultados muito promissores em ensaios experimentais de terapia fotodinâmica, tanto em cancro da mama triplo negativo, como em outros tipos de cancro, incluindo o cancro do pâncreas».
Na terapia fotodinâmica «há um efeito biológico em certas células que ocorre quando o tecido ou órgão onde o agente fotossensibilizador se localizou é iluminado com luz».
O grupo é constituído pela estudante de doutoramento Cristina Dias, pelo investigador Nuno Moura, pelas docentes Amparo Faustino e Graça Neves (ambas membros doLAQV-REQUIMTE - Laboratório Associado para a Química Verde), por Vítor Gaspar e João Mano (CICECO - Instituto de Materiais de Aveiro) e por Luisa Helguero (Instituto de Biomedicina de Aveiro, iBIMED).
O cancro da mama é o tipo de cancro mais comum entre as mulheres. O subtipo triplo
negativo, em particular, é o mais desafiador, devido à ausência de terapias direcionadas. Por sua vez, o cancro pancreático afeta indistintamente homens e mulheres e também é uma doença que apresenta uma resposta limitada às terapias atuais, sendo necessário
«continuar a procurar novas abordagens de tratamento».
Amparo Faustino explicou que «a aplicação de derivados de clorofila - extraídos a partir de fontes naturais - como agentes terapêuticos em terapia fotodinâmica permite não só utilizar recursos disponíveis de forma sustentável, como minimizar efeitos indesejáveis», com nota de que, «além disso, os compostos absorvem radiação na região do vermelho do espectro visível, onde a luz penetra melhor os tecidos, facilitando a ativação dos derivados de clorofila presentes nas células tumorais».
Os novos compostos foram caracterizados ao nível da sua atividade anti tumoral, em colaboração com Luisa Helguero, e apresentam, segundo concluiu a equipa, uma toxicidade muito baixa na ausência de luz e uma elevada eficácia na eliminação de células tumorais, quando ativados sob condições controladas de iluminação (terapia fotodinâmica).
«A utilização destes compostos em terapia fotodinâmica do cancro de mama triplo negativo representa uma solução promissora para suprir a falta de abordagens terapêuticas eficazes e seguras para os pacientes», assinalou Amparo Faustino, postulando que o tratamento «é minimamente invasivo», atuando «apenas na área iluminada», pelo que é «uma alternativa viável quando outras terapias falham, especialmente em casos de resistência aos tratamentos convencionais».
Os investigadores têm a expectativa de que a abordagem possa ser estendida a outros tipos de cancros igualmente agressivos, como o cancro de pâncreas e do pulmão.
Esta tecnologia foi desenvolvida no âmbito do doutoramento de Cristina Dias, cuja tese será defendida em breve na UA, e envolveu três grupos de investigação com conhecimentos complementares.
A Universidade de Aveiro, através da UACOOPERA, já submeteu um pedido provisório de patente e está a avaliar uma estratégia mais ampla de proteção