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Projeto tecnológico para a primeira infância vai fazer bebés “escreverem” música

Uma das soluções tecnológicas vai permitir escrever partituras em tempo real, a partir da recolha de informação diversa, como o movimento e sons emitidos pelos bebés, mas também dados biométricos recolhidos por sensores colocados nos bebés

Um projeto para a primeira infância prevê criar até 2027 uma solução de ‘software’ e ‘hardware’ com recurso à inteligência artificial e realidade aumentada para bebés “escreverem” uma partitura em tempo real e “cantarem” e “tocarem” para os pais.
Intitulado “Amplify”, o projeto foi hoje apresentado em Leiria pela Cooperativa Paulo Lameiro, criador em Portugal dos Concertos para Bebés, que juntou um consórcio de 14 instituições internacionais para o desenvolvimento das novas ferramentas.
Na manhã deste domingo, no final de um Concerto para Bebés que teve a cantautora Surma como convidada, Paulo Lameiro revelou a novidade às cerca de meia centena de famílias presentes no Teatro Miguel Franco, em Leiria.
“Há 32 anos criámos o Berço das Artes e há 26 anos começámos a fazer Concertos para Bebés. Este projeto transformou em toda a Europa o que se faz de artes performativas para bebés. Hoje vamos começar o terceiro projeto. Chama-se ‘Amplify’”, anunciou.
O novo projeto de investigação pretende “dar mais protagonismo aos bebés, que são o centro das nossas vidas hoje. Para nós, eles são os verdadeiros solistas”, disse Paulo Lameiro, dirigindo-se aos pais.
“Amplify” junta especialistas individuais, universidades e instituições de produção musical de Portugal, Noruega, Itália, Espanha, Reino Unido, Países Baixos, Irlanda e França com dois objetivos principais: recorrendo à tecnologia de inteligência artificial e realidade aumentada, a criação dos ‘softwares’ “Portable A” e “Immersive A”.
Uma das soluções tecnológicas vai permitir escrever partituras em tempo real, a partir da recolha de informação diversa, como o movimento e sons emitidos pelos bebés, mas também dados biométricos recolhidos por sensores colocados nos bebés.
“Os vossos bebés vão ter sensores no corpo e durante o concerto o vosso bebé vai ouvir a música e vai reagir. Quando reagir à música, os sensores vão transformar as suas emoções numa partitura”, revelou Paulo Lameiro.
A partir desse documento, “os músicos, com óculos virtuais, vão tocar a partitura que o vosso bebé vai ‘fazer’. O bebé vai ‘compor’ uma música em tempo real e o músico vai tocar a música que o bebé ‘compõe’”, recorrendo à inteligência artificial.
A solução permitirá também transmitir, através de telemóveis, os Concertos para Bebés para avós ou pais que não possam estar presentes, “e será possível reagir e interagir [remotamente] com a partitura que o músico vai tocar aqui”.
A outra finalidade do projeto é criar uma aplicação que reúna as reações dos bebés na interação com os pais, transformando essa informação numa música do estilo da preferência dos progenitores, como jazz, rock ou música clássica.
O projeto começou a ser preparado há dois anos, mas arranca formalmente este mês, na terça-feira, com o primeiro encontro entre os 14 parceiros no Gran Teatre del Liceu, em Barcelona, Espanha.
A representar Portugal no consórcio está a Cooperativa Paulo Lameiro, que junta profissionais da companhia Musicalmente, que produz os Concertos para Bebés, e da Sociedade Artística Musical dos Pousos, que há mais de três décadas mantém o Berço das Artes.
Ao longo dos primeiros 18 meses serão realizados 16 laboratórios com músicos, bebés e suas famílias em Pousos, Leiria, para conceber e desenvolver os equipamentos e ‘software’, e os primeiros pilotos terão lugar em 54 Concertos para Bebés em várias salas do país, avança a companhia Musicalmente.
O resultado será apresentado em junho de 2027, num festival a realizar em Leiria.

Novembro 3, 2024 . 16:45

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