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«Precisamos de estradas coincidentes com o dinamismo das freguesias»

Marisa Silva, de 34 anos, é a primeira mulher a presidir à UF de Ponte de Vagos e Santa Catarina. Em funções há três anos, esta jovem mãe, advogada e autarca tem-se debatido, sobretudo, pela melhoria da rede viária

Diário de Aveiro: É a primei­ra mulher presidente da Jun­ta da União das Freguesias de Ponte de Vagos e Santa Catarina?
Marisa Silva: Sim. Não sou a primeira mulher presidente de junta do concelho de Vagos, mas de Ponte de Vagos e de Santa Catarina sim.

Como é que se viu nestas lides?
Antes de me candidatar, já participava na JSD [Juventude Social Democrata]. E, a par com isso, já ajudava na junta. O anterior presidente, Silvério Rua, pediu-me para ajudá-los nos atendimentos e não só. A verdade é que esta ideia acabou por ser fomentada por ele.

Mas só ajudava? Ou também fazia parte do executivo?
Só ajudava como prestadora de serviços, na parte do atendimento e faturação. Foi aí que o “bichinho” da política começou a crescer. Entretanto, convidaram-me para ser candidata.

O que pensou na altura?
É algo caricato. Porque ainda não tinha referido, mas sou mãe de uma menina com 3 anos e uns meses, que nasceu dois meses antes das eleições. Ou seja, inicialmente, a ideia foi-me semeada pelo Silvério Rua. Mas entre haver um convite formal e não haver descobri que estava grávida.
Quando soube, questionei-me se realmente fazia sentido estar a entrar nisto nesta “altura do campeonato”. Na ocasião (recordo-me perfeitamente), reuni aqui (acho que foi aqui, no meu escritório), com o Silvério Regalado, o então presidente da câmara municipal (CM), que quando me perguntou se queria ser candidata disse-lhe que tinha sabido há pouco que estava grávida.
Era muita coisa ao mesmo tempo: era o trabalho, era ser mãe (e, logo, mãe de primeira viagem), era a junta. E eu acha­va, honestamente, que não ia conseguir abarcar tudo sem “dar em tolinha”.
Felizmente, ele acabou por me convencer a aceitar. Estava preocupada, porque pensava que esta situação poderia ser um entrave para eles, uma menos-valia. Mas ele disse-me logo que seria, antes, uma mais-valia.
A única diferença era que eu ia precisar de mais ajuda do que aquela que, em termos normais, eventualmente precisaria.

Acabou por aceitar.
Sim. Depois de ponderar tudo e mais alguma coisa, de falar com o meu marido, de perceber como ele também poderia ajudar na logística lá de casa.

Mas, então, a ideia já fervilhava há algum tempo.
Não é que fosse algo que transmitisse verbalmente. Mas, sim, era algo em que já pensava, no meu íntimo. Lembro-me de ter dito num grupo de amigos que gostava de ser presidente de junta.

Aceitou o convite, candidatou-se e estreou-se na política a ganhar. Como tem sido conciliar as vidas familiar, profissional e política?
O balanço é positivo. É óbvio que há altos e baixos. E há alturas em que uma pessoa anda extenuada e coloca em causa tudo e mais alguma coisa. Ainda mais com uma filha tão pequena e sendo advogada. Mantenho a minha atividade profissional, juntamente com o cargo.
Não faria sentido se fosse de outra forma.
Mas sim. Num panorama geral, o balanço é positivo, porque verificamos que em algumas coisas (não em tudo, porque nun­ca é possível) vamos alterando para melhor a vida dos nossos fregueses.

O facto de ser mulher ajuda ou complica a sua vida enquanto autarca?
Ajuda e complica. Ajuda no sentido em que acho que o facto de sermos mulheres e termos tanta coisa para fazer obriga-
-nos a ser muito pragmáticas e a definir exatamente aquilo que temos como prioridades. Sen­do que, atenção, e não posso deixar de dizer isto: só consigo continuar com todo este trabalho, porque tenho o Silvério [Rua] como secretário e o Cláudio [Curto] como tesoureiro, que me ajudam muito.
Se não fossem eles, eu não conseguia “levar o barco a bom porto”, porque é efetivamente muita coisa.
Tanto o Silvério como o Claúdio ajudam-me muito na parte prática. Os homens têm uma sensibilidade muito maior para tu­do o que sejam assuntos práticos. Por exemplo, não sabia o que era uma cota. Tinha e ainda tenho dificuldade em perceber a questão das cotas, valas ou águas pluviais..
Quando digo que complica, a verdade é que temos de ser realistas: as mulheres têm obrigações em casa, que os maridos não têm. Eles acabam por ter disponibilidade para reuniões tardias, eventos ao final do dia e ao fim de semana.
Obviamente que se o meu marido não me apoiasse nem ajudasse seria impossível meter-
-me nestas aventuras. Por mui­to boa vontade que uma pessoa tenha não consegue chegar a todo o lado.
Resumindo: acaba por ser toda uma aventura positiva, mas “louca”.

Disse que o balanço é positivo. É positivo o suficiente para se recandidatar nas próximas eleições?

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Novembro 14, 2024 . 10:00

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