Casas decrépitas da Junta de Oliveirinha vão ser demolidas
Quando lhe batemos à porta, Manuel aparece com uma travessa metálica na mão onde repousam dois belos carapaus prontos a serem lançados às brasas. «Vou grelhar peixe para o almoço», diz. À mesa estarão ele e a mulher Fernanda, ambos de 73 anos. O homem, um antigo carpinteiro agora reformado, está responsável pelo peixe. A mulher, que trabalhou numa fábrica de móveis, coze batatas na cozinha. Ao lume está uma panela com água a ferver, formando bolhas que incham e acabam por rebentar. Quando desviamos o olhar do fogão e o fixamos nas paredes e no tecto, o que vemos são superfícies que a humidade tratou de tornar mais mais negras do que brancas.
Fernanda guia-nos pela pequena casa, mostrando-nos cada uma das divisões. O problema das infiltrações ou das paredes a desfazerem-se é comum a todas elas. Pior ainda: o problema é comum às quatro casas de que a Junta de Freguesia de Oliveirinha é proprietária na Rua da Fonte de Longe, perto da discoteca Estação da Luz.
A moradora mais antiga deste bloco de quatro habitações públicas é Emília, de 86 anos, viúva de Perdigão, futebolista do FC Porto e da seleção nacional falecido em 2007. «Viemos para cá em 1984, quando a casa estava ainda por acabar», conta. «Naquela altura quase só havia pinhais», diz. Hoje a zona está muito mais urbanizada.
Emília também nos mostra a casa – Chinês, o gato, vai-nos acompanhando. Tal como na casa dos vizinhos, as paredes e os textos estão todos manchados e a esboroar-se. «A mobília apodrece toda, já tivemos de a trocar várias vezes».
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