AM de Lisboa destaca “figura histórica e incontornável” da Revolução dos Cravos
A Assembleia Municipal de Lisboa manifestou hoje “profundo pesar” pela morte de Celeste Caeiro, mulher que transformou o cravo no símbolo da Revolução de Abril, lembrando-a como “figura histórica e incontornável” e defendendo a concretização de um monumento evocativo.
Em reunião plenária, os deputados municipais aprovaram quatro votos de pesar apresentados por PCP, PS, IL e PAN pela morte de Celeste Caeiro, que morreu na sexta-feira aos 91 anos.
O voto do PCP, subscrito também por PEV, BE, Livre e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), foi votado por pontos, tendo o primeiro sido aprovado por unanimidade, para manifestar “profundo pesar” pela morte de Celeste Caeiro, expressando à família e amigos as mais sentidas condolências, guardando um minuto de silêncio em sua memória.
O segundo ponto do voto de pesar do PCP foi viabilizado com os votos contra do Chega e os votos favor dos restantes, recomendando à Câmara Municipal de Lisboa que envide esforços no sentido de atribuir a título póstumo a condecoração que é devida a Celeste Caeiro, a Medalha de Honra da Cidade, bem como a homenagem com um monumento evocativo.
Os comunistas referem que, a propósito dos 50 anos da Revolução de Abril de 1974, os vereadores do PCP na Câmara de Lisboa apresentaram uma proposta, que foi aprovada por unanimidade, em maio deste ano, para “que fosse prestada a justa homenagem a Celeste Caeiro, com um monumento evocativo e, nesse sentido, lhe fosse também atribuída uma condecoração com a Medalha de Honra da Cidade, que lamentavelmente não lhe chegou a ser entregue”.
No voto de pesar, o grupo municipal do PCP afirma que Celeste Caeiro, conhecida como a Celeste dos Cravos, foi militante comunista, mulher trabalhadora e de convicções fortes, que “ficará para sempre associada à história e memória do 25 de Abril e da liberdade” em Portugal.
Aprovado por unanimidade, o voto do PS enaltece Celeste Caeiro como “figura histórica e incontornável do 25 de Abril de 1974”, em que a sua história se cruzou “de forma inesquecível com a Revolução dos Cravos, simbolizando a aliança entre o povo e o Movimento das Forças Armadas (MFA), que derrubou o regime fascista”.
Também manifestando profundo pesar pela morte de Celeste Caeiro, a IL indica que o gesto desta mulher de distribuir cravos pelos militares, “embora espontâneo, se tornou um marco para a paz e o fim de uma era de opressão em Portugal”, pelo que “é inegável que a sua figura permanece um símbolo da esperança e da força do povo português”.
“Infelizmente, apesar do seu contributo histórico, Celeste viveu décadas em relativo anonimato e esquecimento institucional”, lê-se no voto da IL, referindo que a Câmara de Lisboa deliberou, em maio, homenageá-la com a Medalha de Honra da Cidade e a realização de uma intervenção evocativa, “o que ainda não aconteceu”.
O voto do PAN, viabilizado também por unanimidade, realça o papel de Celeste Caeiro na Revolução de Abril de 1974, ao oferecer cravos aos militares.
Celeste Caeiro morreu na sexta-feira, no Hospital de Leiria, disse à agência Lusa a neta, Carolina Caeiro Fontela, lamentando que a sua avó nunca tenha sido homenageada em vida.
Em abril do ano passado, por ocasião das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril de 1974, Celeste Caeiro e a neta, ambas residentes em Alcobaça, no distrito de Leiria, esclareceram a história de como os cravos entraram na revolução.