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PS em Lisboa repudia realização de congresso do grupo ultranacionalista Reconquista

A notícia daquele congresso na sede da AML foi avançada na quinta-feira e motivou a apresentação de um requerimento urgente do BE

O deputado do PS na Assembleia Municipal de Lisboa (AML) José Leitão repudiou hoje a realização de um congresso do grupo ultranacionalista Reconquista, afirmando que “é um acontecimento muito grave” e alertando para as posições racistas e xenófobas.

A realização do II Congresso Reconquista, em 2 de novembro, nesta casa da cidadania, é um acontecimento muito grave que não pode deixar de merecer um claro repúdio”, disse o socialista na reunião da AML, utilizando o tempo previsto no regimento para intervenções isoladas de cada deputado, até cinco minutos, direito a ser exercido uma vez por ano.

A notícia daquele congresso na sede da AML foi avançada na quinta-feira pelo jornal Expresso e motivou a apresentação de um requerimento urgente do BE a exigir à presidente da AML, Rosário Farmhouse (PS), um esclarecimento sobre a autorização da realização do evento no Fórum Lisboa.

A AML disse que autorizou por ter a indicação de que a iniciativa era do coletivo de jovens do Chega, mas o partido negou qualquer envolvimento.

Por sua vez, o grupo Reconquista negou ter-se feito passar por um coletivo de jovens do Chega para alugar a sede da Assembleia Municipal de Lisboa.

A este propósito, o PSD na AML pediu uma auditoria aos procedimentos sobre o aluguer do auditório deste órgão deliberativo do município para evitar que volte a decorrer um evento como o de um grupo ultranacionalista, repudiando este acontecimento.

Na sua intervenção hoje, o deputado do PS José Leitão sublinhou que “há alturas em que calar é trair”, indicando que não se pode ignorar o que o grupo Reconquista publica, inclusive sobre o congresso que decorreu nas instalações da AML.

Este movimento perfilha posições que nada têm a ver com a história e a tradição nacional. Seria rejeitado inclusive pelo regime derrubado no 25 de Abril [de 1974], que na sua fase terminal afirmara Portugal como país multirracial”, apontou o socialista.

José Leitão referiu que o grupo Reconquista tem sido qualificado como movimento neonazi, com “um discurso assente no que designa genocídio pela imigração em Portugal”, tendo como uma das suas bandeiras “a promoção da remigração, eufemismo que significa a expulsão em massa de imigrantes”.

Mas não nos iludamos. O alvo não são apenas os imigrantes. São portugueses até à quarta geração, por agora, que tenham ascendentes de origem imigrante. Se tivermos presente que tudo isto assenta na ideia de que Portugal é para o que designa de raça portuguesa, decerto uma variante da raça ariana, não é difícil ver onde tudo isto desembocaria”, avisou o deputado do PS.

Para o socialista, “tudo isto assenta numa enorme ignorância do que é o código genético do povo português, um povo feito de populações diversas que se foram aglutinando ao longo dos séculos”.

Outras das posições deste movimento passam por dificultar o divórcio, proibir que portugueses se casem com mulheres de nacionalidade brasileira, rejeitar muitas das famílias existentes, defender que a função das mulheres é serem mães, rejeitar o seu direito de voto e o seu acesso à Internet, e defender a proibição do aborto, incluindo no caso de violação, expôs o socialista, acrescentando a ideia de que “o catolicismo é a única religião verdadeira, numa atitude discriminatória relativamente a outras religiões e correntes espirituais”.

Sobre a atenção que deve ser dada ao grupo Reconquista, José Leitão defendeu que é importante criticar pelas suas posições, mas também porque se tem verificado nos últimos anos “como estes grupos servem para mobilizar na altura das eleições, enquanto alguns dos seus temas vão sendo naturalizados pelo Chega”.

A teoria das famílias naturais já vimos aqui nesta assembleia e decerto veremos depois das portas escancaradas da imigração, a grande invasão, a grande substituição e decerto a remigração. Esta é outra razão por que não podemos ignorar o que se passou. Não agem de forma isolada e pretendem reforçar a sua ação quer junto dos autarcas, quer a nível internacional”, declarou.

O socialista indicou que a Constituição da República Portuguesa reconhece a mais alargada liberdade de associação, “mas não permite associações armadas, racistas ou fascistas”.

Novembro 19, 2024 . 19:07

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