Alfredo Neves é o único moleiro da aldeia do Boco em atividade
Marcámos encontro no largo da Capela do Boco, precisamente, aquele que a Pro.Boco - Associação de Promoção e Requalificação da Aldeia do Boco, a que preside, quer ver requalificado. Ainda antes da hora marcada lá estava a nossa reportagem. Alfredo Neves chegou às 11 horas em ponto, tal como havíamos combinado.
Com a amabilidade que tão bem o carateriza, conduziu-nos, pelo caminho de terra abaixo, em direção ao Vale do Boco, onde, na segunda cortada à esquerda, tem a Azenha da Ti Luísa e uma quantidade infindável de boas memórias. O Trilho das Levadas das Azenhas do Boco passa, precisamente, por ali.
Mal chegámos, mostrou-nos, visivelmente orgulhoso, a azenha de roda vertical com um casal de mós, com casa de moleiros adjacente, que já foi dos seus avós paternos, mas cuja construção remonta a tempos muito mais longínquos. Tudo isto ao som do correr da água e do chilrear dos pássaros e sob o olhar atento do Alecrim, cão de olhar doce, que adotou há três anos e lhe faz companhia naquele “pedaço de Paraíso na Terra”.
Desde o ano de 1453, como explicou ao nosso jornal, que há registos sobre as azenhas do Boco, na época aforadas do então Convento de Jesus de Aveiro. A Azenha da Ti Luísa poderá ter sido uma delas. Até pela sua localização, uma vez que é a terceira azenha de forma descendente em relação à levada mais antiga.
Sendo uma azenha de família, terá passado por muitas gerações de moleiros, até à última reconstrução, em 1949, pelos proprietários de então e dos quais herdou o atual nome. «O meu pai nasceu ali num quartinho», recordou Alfredo Neves.
A Azenha da Ti Luísa esteve a funcionar até finais dos anos 70, ficando, entretanto, inativa até o neto “lhe tomar as rédeas”, há «coisa de 15 anos», e remodelá-la. Foi com ele que recomeçou a moer e nunca mais parou.
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