Murtosa oferece apoio para construção de novos moliceiros
A Câmara Municipal da Murtosa aprovou, no dia 21 de novembro, um protocolo que estabelece o apoio técnico aos particulares e instituições locais interessados na construção de novos barcos moliceiros tradicionais. A medida, que visa fomentar a preservação desta embarcação icónica, pretende facilitar o processo de licenciamento e incentivar o incremento do número de moliceiros na Ria de Aveiro.
O protocolo oferece suporte técnico no processo de licenciamento, que é conduzido pela Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM). Este processo inclui etapas burocráticas complexas e tecnicamente exigentes, como a elaboração de desenhos técnicos, memórias descritivas e previsões de estabilidade, que representam um custo significativo para os interessados. Estima-se que o apoio do município reduza esses custos em aproximadamente 8.000 euros por embarcação.
Foram desenvolvidos dois modelos de licenciamento padrão, abrangendo moliceiros com 15 metros de comprimento e réplicas com 11,20 metros, que facilitam a aprovação dos projetos. Além de oferecer toda a documentação necessária, o município acompanha a construção e apoia logisticamente os testes finais de estabilidade das embarcações.
A carpintaria naval tradicional, profundamente enraizada na Murtosa, é um dos pilares da identidade cultural da região. Embora a função original dos moliceiros, a apanha do moliço, esteja extinta, essas embarcações permanecem como símbolos vivos da história local, mantidos por um número reduzido de artesãos que perpetuam técnicas ancestrais.
A iniciativa também se insere no âmbito de esforços para valorizar e preservar o barco moliceiro como parte do património cultural da região. A Comunidade Intermunicipal da Região de Aveiro liderou candidaturas para reconhecer o moliceiro como Património Imaterial Nacional e Mundial pela UNESCO. Atualmente, cerca de 20 moliceiros tradicionais navegam na ria, na sua maioria pertencentes a moradores da Murtosa, que reforça a sua posição como “Coração da Ria” e “Pátria do Moliceiro”. |