Conversa sobre o Mosteiro de S. Domingos
Intitulada “O Mosteiro de Nossa Senhora da Misericórdia de Aveiro: da Fundação Cenobita a Quartel Anti Napoleónico”, a sessão será dedicada a uma grande instituição que outrora existiu na cidade.
Será palestrante António Leandro, investigador de temas relacionados com a História de Arte e com a História de Aveiro e professor do Ensino Básico e Secundário em Águeda. Tem-se dedicado a trabalhar temas de História e Arte, tendo preparado e defendido a sua tese de mestrado sobre o Mosteiro de Nossa Senhora da Misericórdia de Aveiro.
«Este mosteiro, habitualmente designado por Mosteiro de São Domingos, teve a sua designação original como Mosteiro de Nossa Senhora da Piedade e foi fundado em 1423, não tendo sido alheia à sua edificação a atuação do Infante Dom Pedro, na altura já Senhor de Aveiro. A presença destes frades na então vila de Aveiro, terá contribuído para o desenvolvimento do burgo sob o ponto de vista económico e mesmo cultural. O mosteiro acabou, também, por ser um polo de atração de atividades económicas e pessoais, deixando uma marca que perdurou no tempo. Passando por diversas vicissitudes ao longo do seu historial, acabou os seus dias, após a extinção das ordens religiosas em Portugal, como quartel militar, tendo sido de forma progressiva e sucessiva cerceado de muitos dos seus espaços, muitas das vezes por desleixo e incúria dos homens», contextualiza Francisco Messias Trindade, responsável pela organização deste evento.
Acrescentou, ainda, que serão apresentados documentos que, para a maior parte das pessoas, serão inéditos. Todavia, foram descobertos em 2014 e trazidos ao conhecimento público pela primeira vez em 2016. Será possível ver ou rever esses documentos, através dos quais foi possível reconstituir de forma o mais aproximada possível o espaço ocupado pelo mosteiro e suas edificações. «Por aquilo que é dado observar, foi um mosteiro que cresceu ao longo dos anos e que acabou por ocupar um espaço muito significativo dentro da zona da muralha. A sua área de influência exercia-se por uma vasta superfície nas proximidades, na antiga freguesia do Espírito Santo».
Esta é mais uma oportunidade para desvendar um pouco mais da história de Aveiro, «não adotando critérios de bairrismo ou de superlativo das instituições e das suas gentes. Procurando, antes, trazer ao conhecimento a realidade do existente», defendeu, lembrando que estas conferências têm trazido ao conhecimento do público «um número significativo de abordagens historiográficas da realidade aveirense nos séculos passados, que, se por um lado escapam das leituras habituais, por outro não deixam de aportar dados novos e abrir portas para novas reflexões