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Federação dos Bombeiros do Distrito de Aveiro aprova “moção de desagrado” aos sapadores

Representando cerca de 2.000 voluntários e profissionais, aprovou uma “moção de desagrado” aos sapadores por, na defesa dos seus direitos, atacarem o “bom nome” dos colegas das associações humanitárias.

“Os bombeiros voluntários merecem respeito, não devendo ser postos em causa para qualquer tipo de aproveitamento em benefício de outras forças, entidades ou instituições”, lê-se na moção a que a Lusa teve hoje acesso.

Resultando de uma reflexão coletiva na última assembleia da Federação, que decorreu na sexta-feira, a moção de desagrado surge depois de, “já por duas vezes”, os bombeiros sapadores terem prestado recentes declarações públicas sobre os seus congéneres voluntários em termos que “desprestigiam o trabalho que esses desempenham, bem como a sua forma e aptidão física”.

As corporações inscritas na Federação de Aveiro – 25 de âmbito público e três de empresas privadas – “concordaram que não é aceitável um dirigente sindical vir a público criticar o trabalho desenvolvido pelos bombeiros voluntários” com afirmações como, cita o documento, “Há em Portugal um socorro por parte dos bombeiros voluntários que entristece”.

Perante isso, a moção da Federação afirma: “Concordamos com a melhoria de condições para todos. Concordamos com a necessidade de rever o financiamento, de reconhecer o desgaste da profissão, de atribuir subsídios adequados, de o Governo e as autarquias aumentarem o seu apoio aos bombeiros. Mas é aos bombeiros todos – não só aos sapadores”.

Insistindo que “os bombeiros voluntários merecem respeito”, as corporações federadas do distrito consideram ainda “lamentável” que a movimentação por parte dos sapadores – “por vezes até com comportamentos desordeiros” – surja após os grandes incêndios florestais de setembro, quando os operacionais das corporações geridas por associações humanitárias “tiveram um papel mais notório do que os sapadores ou qualquer outra força de proteção e socorro”.

A federação reconhece que, por norma, os sapadores "têm uma participação reduzida no combate aos incêndios florestais quando comparados com os bombeiros voluntários”, mas nota também que esses operacionais específicos são funcionários públicos, seguem um regime legal próprio e têm carreiras profissionais distintas, constituindo “uma realidade que existe em muito poucos concelhos" do país”.

Ainda assim, as corporações federadas garantem que, “no distrito de Aveiro, onde não existem sapadores, o socorro é assegurado com igual qualidade de serviço”, pelo que a diferença entre uns e outros, por esta altura, reside sobretudo no comportamento. “As reivindicações dos sapadores serão justas, mas a forma escolhida para as fazer valer, com o que temos visto acontecer, não corresponde ao que se espera de um soldado da paz”, concluem.

Os recentes protestos dos bombeiros sapadores prendem-se com a exigência de melhores condições de trabalho e, na semana passada, envolveram o uso de petardos, tochas e fumo junto à Assembleia da República, pouco antes da reunião negocial com a tutela, o que levou o Governo a suspender as conversações.

Entretanto, o Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores anunciou novos protestos para janeiro, indicando que essas manifestações poderão contar com o apoio de idêntica estrutura de Espanha.

Dezembro 11, 2024 . 14:53

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