Líder dos estudantes da UA volta a ser uma mulher
Dezanove anos depois da última mulher presidir à Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv), e pela segunda vez na história desta organização de estudantes, Joana Regadas foi eleita presidente, esta semana, após uma disputa dos votos dos estudantes com João Carrilho.
A própria diz que esse corte com a inexistência de uma mulher à frente da organização de estudantes, durante quase duas décadas, foi «uma das coisas» que a motivou a avançar com uma candidatura à sucessão de Wilson Carmo. Aliás, Joana Regadas é, no atual mandato, que termina em janeiro, vice-presidente adjunta de Wilson Carmo.
Venceu a lista “A” que liderou - votaram 3.065 estudantes de um total de cerca de 18 mil -, conseguindo 76,87 por cento dos votos para a direção da associação, enquanto a “E” conseguiu 16,74 por cento.
Joana Regadas, com 24 anos, “sucede” a Rosa Nogueira, 19 anos depois entre as duas mulheres na direção da associação de estudantes criada há 46 anos. A nova líder é natural de Lousada, no Porto, frequenta o mestrado em Engenharia Biomédica e tem 24 anos. A estudante que passará a presidir à AAUAv irá liderar 550 dirigentes e «inúmeros colaboradores», sendo que a saúde mental e a promoção do espírito crítico dos estudantes - no próximo ano, dirigido, particularmente, às eleições autárquicas - continuarão a marcar a ação da AAUAv, surgindo um novo foco, o da cultura.
Mudar o foco e a
relação com a câmara
O desporto universitário de Aveiro está «bem consolidado», como disse, ontem, ao Diário de Aveiro, e, agora, «está na altura de dar um novo passo». O plano é «reforçar a cultura como forma de expressão, permitindo, através da partilha de experiências comuns, uma aproximação entre os campi», considerando as localizações da UA em Aveiro, Águeda e Oliveira de Azeméis. Mas também com iniciativas ligadas à comunidade aveirense
De qualquer forma, a futura nova direção pretende rever o estatuto de Estudante-Atleta para garantir que a UA «continua a ser um local de crescimento para grandes atletas portugueses».
No que toca às relações com a Câmara Municipal de Aveiro, que se degradaram nos últimos meses, particularmente entre o ainda presidente da AAUAv, Wilson Carmo, e o líder da autarquia Ribau Esteves, Joana Regadas pretende começar uma nova «relação do zero e com uma página em branco», pronta a reescrever esta ligação, inevitável, entre a academia e a autarquia, dadas as realizações comuns e ligações.
Por isso, após a tomada de posse, que deverá ser no dia 17 do próximo mês de janeiro, a presidente pretende reunir com o presidente da câmara, Ribau Esteves, para iniciar um novo tipo de diálogo e apresentar-lhe o programa de ação da nova direção da associação académica. Será um corte com a relação de conflito aberto entre Wilson Carmo e Ribau Esteves. «Estarem de costas voltadas não é benéfico», resume a futura presidente.
Saúde mental é um
tema que estará em debate
A questão da saúde mental, um tema introduzido por Wison Carmo no debate académico, é um assunto relevante no programa de Joana Regadas. Um objetivo é «estabelecer parcerias com clínicas e psicólogos particulares, procurando uma assistência acessível aos estudantes», enquanto avalia «estatisticamente o estado do apoio à saúde mental dos estudantes por parte dos recursos da UA». Pretende-se «identificar, de maneira mais eficaz, os problemas existentes, e propor possíveis soluções».
Para a nova liderança, «o equilíbrio entre a vida académica e pessoal e a saúde mental tornaram-se desafios cada vez mais urgentes. A pressão constante, o stress e os vícios associados têm um impacto significativo no bem-estar dos estudantes, levando muitos a abandonar o desporto e outras atividades fundamentais para uma vida saudável».
Autárquicas de 2025
e os estudantes da UA
Será dada uma atenção especial às autárquicas de 2025, dado tratar-se de um ano eleitoral, e o momento será aproveitado para abordar o assunto, considerando os municípios onde a UA se encontra, além de Aveiro, em Oliveira de Azeméis e Águeda.
Até às eleições, a presidente pretende reunir com partidos e candidatos para debater a crise da habitação, que tem afetado a oferta de alojamento de estudantes deslocados, o emprego e ensino superior, além da organização de debates, assim como comemorar datas marcantes, como o 25 de Abril e o Dia Nacional do Estudante.
Propõe ainda outras mudanças, como ao nível da revisão do “Regulamento de Estudos da Universidade de Aveiro”, apelando a «novas metodologias de ensino que acompanhem as rápidas evoluções experienciadas pelas gerações do futuro», segundo o manifesto que suportou a sua candidatura.