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Portugal não é o país com «maior percentagem» de obesidade

A exercer funções no Hospital de Santa Maria da Feira há 25 anos, Mário Nora, especialista em Cirurgia Bariátrica e Doenças Metabólicas, assegura que a mudança de estilo de vida ajuda a «controlar» a obesidade

Na véspera da noite de Natal, o prazer de degustar os sabores da quadra festiva leva a excessos alimentares. Porém, a tradição também pode ser celebrada com moderação, através de dietas equilibradas e da adoção de um estilo de vida saudável, de forma a evitar o desenvolvimento de doenças crónicas como a obesidade, um dos problemas de saúde pública.
O Diário de Aveiro esteve à conversa com Mário Nora, médico especialista em Cirurgia Geral, Cirurgia Bariátrica e Doenças Metabólicas há 25 anos no Hospital de São Sebastião, em Santa Maria da Feira, e quis compreender o contexto atual da obesidade em Portugal, quais os principais sintomas e tratamentos, bem como a adoção de boas políticas de saúde.

A obesidade e os riscos associados

À semelhança de outros países, Portugal integra uma «sociedade moderna, consumista e sedentária», afirmou Mário Nora, referindo-se a cerca de 67,6 por cento de população com Excesso de Peso ou Obesidade. Segundo a Federação Mundial da Obesidade, este número vai continuar a aumentar, afetando cerca de 39 por cento dos portugueses adultos e mais de 1,5 mil milhões de pessoas até 2035.

Apesar dos números apresentados, «não somos dos países com maior percentagem de obesidade», garantiu o médico, sublinhando que a doença se classifica em diferentes graus, como Excesso de Peso, com Índice de Massa Corporal (IMC) superior (>) a 18 e inferior (<) a 25; Obesidade Grau I, com IMC superior (>) a 25 e inferior a 30 (<); Obesidade Grau II, com IMC superior (>) a 35 e inferior (<) a 40; e Obesidade Grau III, com IMC superior (>) a 40. Estes valores são, portanto, calculados de acordo com o IMC, que relaciona o peso com a altura ao quadrado (IMC=peso/altura2).

Interpelado sobre possíveis complicações da doença crónica, o cirurgião destacou a «Diabetes melitos tipo 2; Hipertensão Arterial; Dislipidemia (colestrol ou triglicerídeos elevados); Apneia do Sono; Síndrome do ovário poliquístico; e Depressão», mas não descarta a «falta de mobilidade e dificuldades na higiene pessoal». Contudo, os sintomas associados «dependem do grau de obesidade», sendo que um dos maiores é o emocional, ligado ao comportamento discriminatório.

Os tratamentos da doença crónica

As primeiras medidas a serem implementadas num programa de perda de peso devem ter como foco a mudança de comportamentos, sobretudo através de uma dieta hipocalórica equilibrada e adaptada a cada indivíduo; padrão de refeições correto; e prática regular de exercício físico, pois só assim é que se pode «controlar a obesidade», uma vez que, na realidade «não conseguimos curá-la», por se tratar de uma doença crónica, informou Mário Nora. A seu ver, a cirurgia de emagrecimento é uma outra opção, porém, de acordo com a Federação Internacional para a Cirurgia da Obesidade e dos Distúrbios Metabólicos, este tratamento só é permitido em pacientes com IMC superior (>) a 32,5 e apresentar Diabetes Melitos Tipo 2; IMC superior (>) a 35 e inferior (<) a 40 com pelo menos uma complicação associada; ou IMC superior (>) a 40.

Este ano, o Hospital de Santa Maria da Fei­ra recebeu cerca de «1500 doentes obesos», e deles «639 fizeram cirurgia», divulgou o especialista, afirman­do que a «melhor forma de travar qualquer doença crónica é evitar que ela se desenvolva». Sen­do assim, é necessário «promover campanhas», nomeadamente junto das crianças e jovens, o futuro das gerações, bem como «elevar o nível de vida dos portugueses», pois «comer bem é muito caro», garantiu Mário Nora, lembrando que «elevadíssimas percentagens de portugueses não tem condições económicas».

Dezembro 23, 2024 . 08:30

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