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Siemens Energy justifica despedimento coletivo com redução do trabalho a partir de fevereiro

Empresa “está a implementar medidas de reestruturação abrangentes com o objetivo de regressar à rentabilidade”

A Siemens Energy justificou hoje o despedimento coletivo de 222 trabalhadores da sua fábrica de pás eólicas de Vagos, no distrito de Aveiro, com a redução do plano de trabalho a partir de fevereiro.

Em resposta escrita enviada à agência Lusa, fonte oficial da Siemens Energy afirmou que a empresa “está a implementar medidas de reestruturação abrangentes com o objetivo de regressar à rentabilidade” e que, nesse âmbito, terá de adaptar a sua capacidade de produção à paragem das vendas das suas turbinas 4.X e 5.X ‘onshore’ (para parques em terra).

Isto aplica-se à nossa fábrica em Vagos, em Portugal, onde o nosso atual plano de trabalho prevê uma redução significativa a partir de fevereiro de 2025. É por isso que temos de reduzir 222 postos de trabalho dos atuais 1.300 postos”, indicou a Siemens Energy.

A multinacional de origem alemã garantiu ainda que a anunciada restruturação incidirá, em Portugal, apenas na fábrica de Vagos, não afetando a unidade localizada em Oliveira de Frades, no distrito de Viseu, ambas detidas pela sua participada Siemens Gamesa Renewable Energy Blades.

Questionada pela Lusa sobre os critérios, financeiros e outros, observados neste despedimento coletivo em Vagos, a empresa disse ter considerado “as competências e capacidades necessárias [dos seus trabalhadores] para a fase seguinte, com destaque para as atividades de serviço (manutenção)”.

No entanto, recusou adiantar pormenores sobre as indemnizações a atribuir aos trabalhadores, justificando com as negociações em curso com cada um dos seus colaboradores que serão dispensados, apenas revelando estar a “negociar um pacote de compensação mais elevado do que a compensação mínima prevista na legislação local”.

Após a redução do número de colaboradores, a fábrica de Vagos “empregará mais de 1.000 pessoas e continuará a ser um importante local de produção” no futuro para o negócio de torres eólicas ‘onshore’ da Siemens Energy.

Em julho de 2024, o programa Compete 2030 anunciou que a fábrica da Siemens Gamesa de Vagos, “empresa líder na fabricação de pás eólicas”, tinha aumentado a sua capacidade produtiva com duas novas linhas de montagem de uma nova gama de pás eólicas com 76 e 83 metros para torres eólicas ‘onshore' de grandes dimensões.

Na informação, disponível na página de internet daquele programa, lê-se que o projeto “Windturbine 5.X Blades” teve como objetivo “reforçar a posição da Siemens Gamesa no mercado global de energias renováveis, promovendo a eficiência e a redução dos custos de produção e transporte”, tendo sido apoiado com 5,2 milhões de euros de fundos públicos num investimento total elegível de 34,9 milhões de euros.

Questionada sobre a compatibilização entre este financiamento público e os despedimentos agora anunciados e se o investimento revelado pelo Compete 2030 incidiu sobre uma linha de montagem de pás eólicas cujas vendas, agora, pararam, a Siemens Energy afirmou que “a decisão tomada está em conformidade com as condições dentro das quais o financiamento foi recebido”, sem adiantar mais explicações.

Também em resposta escrita enviada à Lusa, a Câmara Municipal de Vagos manifestou-se preocupada com os despedimentos na fábrica da Siemens Gamesa, revelando que 45 dos 222 trabalhadores dispensados residem no concelho.

A Câmara Municipal de Vagos tem conhecimento desta medida tomada pela empresa e que, segundo o que já é público e publicado, se prenderá com uma quebra na produtividade verificada ao longo do ano 2024. Estamos, obviamente, a acompanhar esta questão atenta e preocupadamente, salvaguardando, no entanto, que esta é uma decisão de gestão de uma entidade privada”, frisou o município.

Sobre a decisão da empresa, que é a maior empregadora do concelho, em proceder ao despedimento de 222 trabalhadores após ter recebido 5,2 milhões de euros de fundos públicos, o município de Vagos recusou tecer comentários.

Essa é uma questão que não compete à Câmara Municipal comentar, uma vez que, como deve compreender, não somos a entidade decisora, financiadora e fiscalizadora relativamente à atribuição de fundos comunitários, nem temos ou tivemos qualquer envolvimento em nenhuma das fases da questão supramencionada”, observou.

Janeiro 10, 2025 . 17:27

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