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Peça "À Primeira Vista" com Margarida Vila-Nova, sobre violência doméstica, regressa a Lisboa

A 15 de fevereiro, a peça estará em cena em Santa Maria da Feira, no Cineteatro António Lamoso

O monólogo “À Primeira Vista”, interpretado por Margarida Vila-Nova e encenado por Tiago Guedes, estará novamente em cena em Lisboa a partir de maio, no Teatro Maria Matos, onde se estreou em julho do ano passado, foi hoje anunciado.

A peça, uma adaptação de “Prima Facie”, da dramaturga Suzie Miller, que aborda o abuso e a violência doméstica, centra-se em Teresa, uma jovem advogada de defesa de direito penal que, a dada altura da vida, passa de inquiridora a vítima. E como qualquer vítima que decide recorrer à justiça, tem de contar e recontar várias vezes o trauma por que passou.

De acordo com a produtora Força de Produção, num comunicado hoje divulgado, “depois de várias apresentações esgotadas e um sucesso estrondoso entre o público e a crítica”, “À Primeira Vista” regressa a Lisboa para uma nova temporada, com apresentações nos dias 14, 21 e 28 de maio, 02, 04, 09 e 16 de junho e 10, 11, 12, 17, 18, 19, 24, 25, 26 e 31 de julho.

A peça surgiu na vida de Margarida Vila-Nova em 2022. Viu o espetáculo em Londres e deparou-se com um tema que a inquieta, “está na ordem do dia”, e achou importante discutir e levar a cena. “Porque acredito também que o Teatro tem essa capacidade de despertar consciências, ou pelo menos de provocar a discussão, o diálogo”, disse à Lusa em julho do ano passado, aquando da estreia.

Para encenar o espetáculo escolheu o também realizador Tiago Guedes, que contou à Lusa na mesma altura que andava com vontade de voltar a encenar, “e o convite surgiu no momento certo”.

Além disso, o tema que a peça aborda foi crucial para aceitar o desafio de encenar o seu primeiro monólogo.

Há uma coisa que me atraiu logo muito, que tem que ver com as ‘nuances’ do abuso. O que é ou o que não é o abuso, principalmente dentro de uma relação. Acho que é um assunto muito sério e é um assunto pouco falado, ou pouco aprofundado - é sempre muito difícil falar dele, porque acontece na intimidade e é a palavra de um contra o outro”, partilhou com a Lusa.

A dada altura do monólogo, Teresa, a personagem a quem Margarida Vila-Nova dá vida, lembra que "uma em cada três mulheres é agredida, quer seja violência física, psicológica, sexual".

A peça estreou-se em 2019, em Sydney, na Austrália, onde andou em digressão em 2021. No ano seguinte foi apresentada no West End, em Londres, e em 2023 chegou à Broadway, em Nova Iorque.

Tiago Guedes fez questão de não ver as outras encenações. Em primeiro lugar, porque os meios que há numa Broadway não seriam os mesmos que teria à disposição. Em segundo, porque do ponto de vista artístico não queria “entrar contagiado para um processo”.

O palco foi transformado numa sala de audiências de um tribunal, que ao longo de uma hora e meia é também bar, escritório, sala e quarto da casa de Teresa, táxi, esquadra de polícia, comboio e a casa da mãe da personagem central da peça.

É nesse cenário que Margarida Vila-Nova apresenta o primeiro monólogo da carreira, que exige “uma enorme preparação física”.

Preparo-me o dia todo para fazer o espetáculo à noite. E dois meses antes de começar os ensaios, comecei a correr para ganhar resistência. Nunca pensei na minha vida chegar a correr dez quilómetros sem parar”, partilhou.

À preparação física, juntam-se a preparação emocional “e a resistência emocional e a elasticidade”.

Embora esteja sozinha em palco, Margarida Vila-Nova tem “vinte contracenas imaginárias ao longo do espetáculo”.

A 6 de fevereiro, estará em cena em Leiria, no Teatro José Lúcio da Silva, em 15 de fevereiro em Santa Maria da Feira, no Cineteatro António Lamoso, em 27 de fevereiro em Faro, no Teatro das Figuras, e em 17 de maio em Almada, no Teatro Municipal Joaquim Benite.

 

Janeiro 20, 2025 . 17:49

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