Criminalidade gera preocupação em Aveiro, mas PSP aponta aumento “residual”

Nos últimos meses, a escalada de crimes em áreas centrais de Aveiro tem gerado apreensão entre cidadãos e empresários, que relatam prejuízos constantes e um crescente sentimento de insegurança. Após uma sucessão de episódios de vandalismo, furtos e assaltos nas principais artérias e zonas adjacentes ao centro da cidade, vários empresários afetados decidiram tornar públicas as suas denúncias, exigindo uma maior presença policial e respostas mais eficazes por parte das forças de segurança da região. Por temerem possíveis represálias, os empresários optaram por partilhar os seus testemunhos com o Diário de Aveiro de for­ma anónima.

Crimes constantes e falta de policiamento

Empresários locais, afetados por crimes recorrentes, expressaram indignação e preocupação. O proprietário de um estabelecimento na área turística relatou: «O aumento da criminalidade é evidente e muito pre­ocupante. Foi a segunda vez em dois meses. Arrombaram a por­ta, entraram e levaram a caixa registadora. Está a tornar-se um hábito nos últimos tempos». Outro comerciante, na zona do Rossio, comentou: «Os assaltos já são frequentes. Não culpamos a PSP, mas há cada vez menos policiamento nas ruas. Aqui, a iluminação é precária, o que facilita este tipo de furtos. Já gastámos cerca de dez mil euros para repor os prejuízos. Estamos preocupados e muito insatisfeitos com esta situação, que se repete constantemente».

Por fim, um empresário do setor turístico, especificamente nos passeios de moliceiro, expressou a sua frustração: «É uma tristeza. De 15 em 15 dias, somos alvo de furtos. Ainda não conseguiram levar os motores dos moliceiros, mas têm roubado as baterias e outros componentes. No início, apresentávamos sempre queixa, mas agora já sentimos que não vale a pena. Estamos por nossa conta e a considerar contratar segurança privada, porque à noite já não vemos policiamento. Temos de proteger os nossos negócios. É lamentável o que está a acontecer.»

Estes relatos são corroborados por diversos incidentes recentes, incluindo um assalto a uma “loja 24 horas”, na Avenida Dr. Lourenço Peixinho, vandalismo na antiga oficina da Citroën, furtos ao dispensário da Farmácia Avenida e à Farmácia Oudinot, no centro de Aveiro. Em dezembro, ocorreram também assaltos a um talho no Mercado Manuel Firmino, à loja Hugo Boss e furtos a automóveis e residentes.

Aumento “residual” da criminalidade

O superintendente Fernando Lopes, em representação do Comando Distrital da PSP de Aveiro, apresentou dados sobre a criminalidade em 2024. Segundo diz, o aumento de 0,47% equivale a nove crimes a mais do que no ano anterior. Paralelamente, crimes violentos e graves registaram uma redução de 12,67%.

«O aumento que se verificou foi residual e, em grande parte, resultante do aumento da proatividade policial. No entanto, é importante salientar que estamos atentos a todas as ocorrências e comprometidos com a segurança da população», explicou o superintendente Fernando Lopes.

O responsável também informou que os furtos em edifícios comerciais e veículos registaram uma queda nos últimos meses de 2024, contribuindo para estabilizar os índices criminais. «Percebemos a preocupação da comunidade, e é por isso que temos intensificado as fiscalizações. A colaboração entre a PSP e os cidadãos é essencial para mantermos Aveiro como uma cidade segura».

Aveiro, uma das cidades mais seguras do país

Alguns empresários relataram sentir-se desprotegidos e dececionados com a resposta das autoridades. Sobre este ponto, o superintendente garantiu: «Estamos a trabalhar para reforçar o policiamento e já nos reunimos com associações de comerciantes para ouvir as suas preocupações e definir estratégias conjuntas. Aveiro continua a ser uma das cidades mais seguras do país, e estamos determinados a manter esse estatuto».

Apesar das preocupações, o superintendente reforçou que Aveiro continua entre as cidades mais seguras do país. «Para uma vítima, os números são irrelevantes em relação ao impacto do crime. Por isso, trabalhamos não apenas para reduzir os índices, mas também para restaurar o sentimento de segurança. A PSP está ao lado dos cidadãos e continuará a atuar preventivamente», concluiu.