
Desemprego atinge 364 trabalhadores em Ovar
A fábrica de Ovar da japonesa Yazaki Saltano vai despedir 364 trabalhadores, devido à «atual situação crítica da indústria automóvel europeia», justifica a empresa.
«A Yazaki Saltano de Ovar é forçada a iniciar um processo de redução de efetivos contemplando 364 colaboradores e, nesse sentido, teve já início a consulta com os representantes dos trabalhadores e sindicatos», confirmou à agência Lusa. A Yazaki Saltano, um dos principais fornecedores de sistemas elétricos e eletrónicos para a indústria automóvel, «está a ser fortemente afetada pela atual situação crítica da indústria automóvel europeia», crise essa que fez com que as vendas estejam «significativamente aquém das expectativas».
Ainda segundo a empresa, a fábrica de Ovar está a ser «especialmente afetada pelos desenvolvimentos no setor, não existindo qualquer previsão de uma mudança positiva a longo prazo».
Entretanto, a Câmara de Ovar, que diz ser «alheia» a este despedimento, mostrou-se disponível para apoiar os trabalhadores da fábrica, nomeadamente através de medidas de apoio social e está «empenhada em mobilizar todos os recursos ao seu dispor para garantir o necessário acompanhamento social e profissional de todos os trabalhadores».
Após o anúncio da empresa, a autarquia estará «atenta a todas as implicações sociais e económicas desta decisão, assegurando que serão mobilizados os recursos necessários para apoiar a reintegração profissional dos trabalhadores e mitigar os impactos dessa decisão empresarial».
Concretamente, a autarquia pode ativar o Gabinete de Inserção Profissional ou medidas de apoio social,designadamente o Fundo de Emergência Social. «Vai disponibilizar toda a ajuda, dentro das suas competências e com os instrumentos que tem ao seu dispor, para garantir a salvaguarda económica e social das pessoas afetadas por essa decisão», diz a Câmara.
Apesar da empresa «garantir o cumprimento integral dos direitos dos trabalhadores», segundo a Câmara de Ovar antevê «um impacto significativo na vida dos trabalhadores», a Câmara expressa em comunicado a sua «preocupação com as consequências desta medida para os trabalhadores, as suas famílias e para a economia local».
Entretanto, o PCP questionou ontem os ministros da Economia e do Trabalho sobre os despedimentos, advertindo que, caso se concretizem, terão um «impacto social e económico devastador» uma vez que «coloca em causa o direito ao trabalho, ao salário e ao rendimento de muitas famílias». Segundo o deputado do PCP Alfredo Maia, a Yazaki Saltano «iniciou o processo de deslocalização e desvio de linhas produtivas para Marrocos, tendo reduzido para cerca de metade o número de trabalhadores» e promovido «vários despedimentos coletivos», nomeadamente em 2006 e 2008.
O partido perguntou ao ministro da Economia se a Yazaki Saltano tem beneficiado de apoios públicos, nacionais ou comunitários, para os seus investimentos. Se for o caso, «em que montantes e com que garantias». Pergunta ainda se «entre as eventuais garantias está a exigência de manutenção dos postos de trabalho».
À ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, o PCP pergunta que conhecimento é que o Governo tomou sobre esta situação e que medidas vai tomar «para salvaguardar todos os direitos dos trabalhadores, bem como todos os postos de trabalho».
A Comissão Coordenadora Distrital Bloco de Esquerda de Aveiro, sugere um «“Plano de Emergência Social”, que permita dar apoio imediato aos trabalhadores e às suas famílias, garantindo que ninguém fique sem meios de subsistência» perante o despedimento que diz tratar-se de «um golpe brutal para centenas de famílias aumentando drasticamente a precariedade e caos social da região, deixando operários e outros funcionários da empresa numa situação de extrema vulnerabilidade», defendendo ainda que «empresas desta dimensão sejam responsabilizadas pelos impactos sociais das suas decisões».
Para o BE, é «inaceitável» que a empresa «não tenha encontrado uma alternativa que garantisse a manutenção dos postos de trabalho, principalmente tendo em conta os lucros astronómicos que a empresa detém a nível internacional» sendo que prolongando a incerteza e a angústia dos trabalhadores durante meses, demonstrou uma postura desumana e irresponsável».
Num passo seguinte, o BE vai questionar o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social sobre as respostas que o Governo «tem para estes operários despedidos», como «medidas concretas para apoiar estas pessoas, garantindo proteção social e acesso imediato a novas oportunidades de emprego».
Além do município de Ovar , o BE sugere que os «demais municípios de onde estes trabalhadores são oriundos tomem uma posição clara e apresentem soluções para enfrentar esta crise social»