Imigrantes foram contar as suas experiências em Aveiro
Num estendal com várias cordas dispostas a meio da sala, os participantes prendem com molas pequenos quadrados de papel colorido onde escreveram os seus nomes e os sítios de onde vêm. Ao ler os papéis ficamos a saber que são de Aveiro, Viseu ou Coimbra mas também de Moçambique, Brasil ou Guiné. Ao fim de alguns minutos, o estendal já quase não tem espaço livre. O primeiro objetivo, a mobilização de participantes para o evento, está cumprido – a sala está cheia. «Uau, não esperava ver tanta gente», diz João, presidente do Núcleo de Estudantes em Administração Pública da Universidade de Aveiro (UA).
Este agrupamento estudantil e o Departamento de Ciências Sociais, Políticas e do Território (DCSPT) são os organizadores da iniciativa “Vamos falar da imigração em Portugal?”, descrita como uma atividade destinada a «debater temas sérios de forma informal e descontraída, mas também fundamentada e construtiva». A ideia é reunir a comunidade académica para partilhar experiências de imigração num contexto em que «o aumento do número de imigrantes em Portugal tem sido explorado por movimentos populistas para promover uma narrativa negativa» sobre estas populações.
A atividade juntou 76 participantes, entre estudantes, docentes e funcionários da UA. 22 são estrangeiros. Estão representados cinco países: Portugal, Brasil, Guiné, Moçambique e Cabo Verde. Os participantes são divididos por oito mesas, garantindo que em cada uma há no mínimo dois membros estrangeiros.
Sento-me na mesa 5. No tampo estão pousados vários cartões com tópicos que serão desenvolvidos em conversa – dificuldade de integração cultural, dificuldade de integração profissional, etc. Um estudante da Guiné-Bissau diz que os portugueses são mais fechados. «A nossa cultura é mais aberta», descreve. Uma moçambicana acabada de chegar ao país assinala o mesmo. Já tinha família em Portugal, o que facilitou a integração. Mas não deixou de sentir dificuldades. «É diferente do meu país. Aqui as pessoas não são tão sociais», diz.
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