Fábrica da Tupperware fecha e deixa 200 trabalhadores no desemprego
A fábrica da Tupperware instalada em Montalvo, Constância (Santarém), vai encerrar a atividade no dia 8 de janeiro e despedir os cerca de 200 trabalhadores, informou hoje o presidente da Câmara Municipal.
“A Câmara Municipal de Constância tomou conhecimento que no dia de ontem [quinta-feira] foi comunicado aos trabalhadores da empresa que a mesma encerrará a 8 de janeiro de 2025. Face a esta situação difícil para o nosso concelho e para a nossa região, deixamos uma palavra de solidariedade a todos os trabalhadores e respetivas famílias”, escreveu hoje o autarca Sérgio Oliveira, na página oficial do município.
A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, com o anúncio do pedido de declaração de insolvência a ter consequências diretas na unidade portuguesa, hoje conhecidas, e que vai deixar no desemprego os 200 trabalhadores que ali eram efetivos.
“Ontem [quinta-feira] decorreu uma reunião com os trabalhadores da Tupperware onde foi comunicado pelos responsáveis que a fábrica só estará a laborar até 8 de janeiro. Será o último dia e os 200 trabalhadores que lá estão serão despedidos”, disse hoje à Lusa o presidente do município de Constância.
Tendo feito notar que “a Câmara Municipal e os seus serviços estão disponíveis para ajudar e apoiar os trabalhadores dentro daquilo que for possível”, Sérgio Oliveira disse ter sido “surpreendido” como o anúncio do fecho da fábrica e que depositava expectativas noutro desfecho.
“É uma notícia triste para o concelho de Constância e para toda a região. A Tupperware, ao longo destes anos, tem tido um papel muito importante no número de postos de trabalho, diretos e indiretos”, declarou.
Diversos partidos políticos e dirigentes sindicais manifestaram ao longo dos últimos meses preocupação com a incerteza sobre o futuro dos 200 trabalhadores da fábrica da Tupperware em Montalvo, tendo criticado a “falta de informação” sobre o processo de falência da multinacional.
Ricardo Rodrigues, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE-CSRA), afirmou à Lusa que “o encerramento da Tupperware, caso se concretizasse, significaria um drama para as centenas de trabalhadores” e “seria igualmente desastroso para o concelho de Constância, para a região e para o país”, tendo defendido que o problema “deve merecer a maior atenção e tomada de medidas por parte do Estado e, em particular, do Governo”.
No dia 25 de setembro, em comunicado, o presidente da Câmara de Constância havia indicado que o vice-presidente da Tupperware Europa disse não saber o futuro da empresa, que estava “em fase de negociação com os investidores” e a “trabalhar para criar uma estratégia para que empresa seja mais atrativa”.
Acrescentou ainda ter sido informado que “pararam a produção na Tupperware Portugal, Bélgica e África do Sul, porque têm muito stock”.
Em 18 de setembro, a Lusa solicitou esclarecimentos por escrito à empresa, não tendo obtido resposta até ao momento.
A Tupperware Brands iniciou voluntariamente o processo do Capítulo 11 no Tribunal de Falências de Delaware, e terá conseguido em outubro a aprovação do tribunal para continuar a operar e facilitar um processo de venda para proteger a marca.
Segundo a AP, um juiz de falências dos EUA aprovou a venda da Tupperware Brands, abrindo caminho para que a empresa saia da proteção do Capítulo 11 e continue a oferecer os seus produtos enquanto passa por uma reestruturação.
A venda estava ainda sujeita a condições de fecho. Segundo os termos do acordo, um grupo de credores está a comprar a marca Tupperware e vários ativos operacionais por 23,5 milhões de dólares em dinheiro e mais de 63 milhões de dólares em redução da dívida.
A Tupperware concordou com a aquisição do credor em outubro, e disse que espera operar como The New Tupperware Co. após a conclusão do negócio.