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Estudo defende reformas para melhorar posição de Portugal na regulação de mercados

Autores do estudo apontam 20 recomendações, entre as quais a recuperação do mecanismo “da comporta regulatória”

Um estudo da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) analisou a posição de Portugal no Índice de Regulação dos Mercados de Produto e aponta como necessárias "reformas que fomentem um ambiente de negócios mais competitivo e dinâmico".

No estudo, que analisa a “má posição” de Portugal no Índice de Regulação dos Mercados de Produto da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), o diretor da FEP, Óscar Afonso, e o responsável pelo gabinete de estudos da faculdade, Nuno Torres, apontam “20 recomendações prioritárias para promover a subida de lugares nesse indicador”, afirma hoje em comunicado a instituição.

De acordo com o “Position Paper n.º 1 de 2025”, do Gabinete de Estudos da FEP, as “barreiras administrativas e regulamentares” explicam a “9.ª pior posição de Portugal entre os 38 países da OCDE e a 5.ª pior na União Europeia” no respetivo índice.

O estudo analisa os obstáculos regulamentares e barreiras à concorrência nos mercados de produto em Portugal face à OCDE e à União Europeia.

Citado no comunicado, o diretor da FEP, Óscar Afonso, afirma que Portugal “precisa de maior eficiência regulatória e de menos barreiras à entrada nos mercados de produto para promover a concorrência e preços mais baixos, o que ampliará também a competitividade das empresas no exterior”.

Reformas estruturais que reduzam as distorções do mercado e fomentem um ambiente mais competitivo e dinâmico são cruciais para que Portugal atinja patamares de maior crescimento económico e nível de vida”, considera.

Já o responsável do gabinete de estudos da FEP, Nuno Torres, assinala a existência de “défices de competitividade na área das distorções da intervenção do Estado”, nomeadamente nas componentes de impacto das regulações, de propriedade pública e de envolvimento em operações comerciais.

Na área das barreiras à entrada, essas barreiras são altas nos serviços e há um excesso de carga administrativa e regulamentar, pois estamos mal colocados nos requisitos administrativos para empresas, sobretudo nas em nome individual, e na comunicação e simplificação regulamentar”, sustenta.

O estudo faz ainda distinção entre dois setores de redes em que a regulação “criou ambientes concorrenciais muito diferentes”, nomeadamente, nas telecomunicações e na ferrovia.

Nas telecomunicações, temos o exemplo positivo recente da entrada de um novo operador romeno, que já provocou uma baixa assinalável de preços, embora as dificuldades noticiadas mostrem que subsistem algumas barreiras à concorrência”, afirma Nuno Torres.

Já na ferrovia, “é evidente a falta concorrência, em particular no transporte de passageiros, pelo que se recomenda uma maior liberalização do setor, seguindo o modelo de sucesso de Espanha, bem como a revisão do Plano Ferroviário Nacional, para uma adoção alargada da bitola europeia, e a sua aceleração, após anos de atraso”.

Para melhorar os resultados de posição no índice, os autores do estudo apontam 20 recomendações, entre as quais se destaca, a recuperação do mecanismo “da comporta regulatória”, medida que determina que, sempre que um novo ato normativo crie custes de contexto, outro de custos semelhante deva ser eliminado.

O adiamento sine dia deste mecanismo é um exemplo paradigmático do imobilismo e da pouca ambição dos nossos governantes ao nível da desregulamentação e da reforma do Estado em geral”, afirma Óscar Afonso.

Outra condição que os autores dizem necessária para impulsionar a atração de empresas e investimento estrangeiro é "a restauração da competitividade fiscal".

Os autores do estudo afirmam ainda que os investimentos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) poderão melhorar o índice, mas "o impacto será pequeno se não existirem revisões estruturais da regulação".

 

Janeiro 20, 2025 . 12:11

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