Canil de Azeméis retirou os 170 cães antes de o fogo chegar a Ossela e ameaçar casas
O Canil Intermunicipal da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria, em Oliveira de Azeméis, conseguiu retirar segunda-feira os seus 170 cães para acolhimento temporário noutros locais antes de o fogo chegar a Ossela, onde ameaçou várias casas.
Segundo revelou hoje fonte da estrutura que acolhe animais errantes de seis concelhos do distrito de Aveiro – Azeméis, Arouca, Espinho, Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Vale de Cambra – foi bem-sucedido o apelo dirigido segunda-feira à tarde à população, no sentido de que disponibilizasse coleiras, trelas e apoios para o transporte dos referidos cães, assim permitindo agilizar o plano de evacuação desse equipamento.
“O canil intermunicipal foi totalmente evacuado com a colaboração da comunidade civil e de associações locais e regionais. Os nossos patudos estão salvaguardados graças ao esforço coletivo de todos”, afirma a referida fonte.
A todos os cidadãos particulares e às 15 entidades que recolheram os 170 animais, o canil cedeu ração para vários dias de acolhimento temporário. Alguns dos cães foram mesmo adotados, de acordo com processos que já estavam em curso e que foram antecipados apenas alguns dias para garantir a segurança dos animais.
A Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis não esteve disponível para prestar informações sobre a evolução do incêndio que lavra desde domingo à tarde no concelho, mas a secretária da Junta da União de Freguesias de Macinhata, Oliveira de Azeméis, Ul, Santiago de Riba Ul e Madaíl explicou que, durante a noite, o fogo acalmou no seu território, embora avançando para outras localidades.
“A noite em Macinhata foi mais tranquila. O fogo junto às casas sossegou e depois passou para a parte florestal, seguindo para Ossela e Vilarinho de São Luís”, declarou à agência Lusa, sobre o alastrar do incêndio para povoados respetivamente nas freguesias de Ossela e Palmaz.
A presidente da Junta da União de Freguesias de Pinheiro da Bemposta e Palmaz, Susana Mortágua, disse às 09:40 que ainda não se inteirara da situação e remeteu para mais tarde dados sobre o assunto.
Já o presidente da Junta da Freguesia de Ossela, José Santos, deu pormenores: “As coisas estiveram muito más em Bustelo do Caima, com o fogo muito próximo das casas, mas evitou-se o pior e andou lá um rapaz de trator que foi um autêntico herói – meteu-se pelo fogo e arriscou um bocado a vida, mas salvou a casa ele, a dos pais e a dos avós”.
Na mesma localidade, mas no lugar das Ribeiras, também houve casas em risco, mas, com o apoio dos bombeiros, só se perdeu mata, cultivos e o telhado de um arrumo. Duas pessoas foram realojadas numa garagem, para serem afastadas do risco, “mas esta manhã já tinham voltado a casa”.
Duas habitações devolutas também foram destruídas, mas já há muito tempo “que nem sequer tinham telhado”, pelo que, procurando usar de algum otimismo, José Santos disse: “Aí o fogo até fez um favor aos donos das casas, porque lhes limpou os terrenos”.
O Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil da Área Metropolitana do Porto não esteve disponível para um ponto da situação, mas o site da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil indicava às 09:50 que o fogo de Oliveira de Azeméis continuava a ser combatido por 440 operacionais, apoiados por 158 veículos e dois meios aéreos.
Pelo menos três pessoas morreram e duas outras ficaram feridas com gravidade nos incêndios de Oliveira de Azeméis, Albergaria-a-Velha e Sever do Vouga, todos no distrito de Aveiro. Foram destruídas mais de 20 casas na região, evacuadas várias estruturas públicas e cortadas diversas estradas e autoestradas, como a A1, a A25, a A13, a EN109 e o IC2.
No total do distrito de Aveiro e da Área Metropolitana do Porto, até segunda-feira à noite já tinham ardido pelo menos 10 mil hectares.
O Governo solicitou ajuda internacional às estruturas europeias de Proteção Civil e parte dos oito aviões Canadair requisitados a Espanha, França, Grécia e Itália já se encontram em Portugal.
Com o alerta de risco de incêndios alargado até quinta-feira, o Governo também anunciou a criação de uma equipa multidisciplinar para lidar com as consequências dos incêndios dos últimos dias, com sede em Aveiro.