
Pastoral do Luto oferece apoio após a perda de seres queridos
Trazido por Jorge Mejías Carrión, engenheiro reformado e coordenador nacional desta pastoral em Espanha, o projeto tem como base os Grupos de Mútua Ajuda para o Luto e Ressurreição, criados há mais de três décadas pelo sacerdote católico Padre Mateo Bautista.
O ponto de partida para a chegada desta proposta a Portugal foi a história de Ana Soares, natural de Aveiro, que após a trágica perda do filho num acidente rodoviário, encontrou nos grupos virtuais coordenados por Jorge, apoio e esperança. «Ela é uma mulher forte, de profunda espiritualidade. Quando terminou o processo no grupo, propus que fosse coordenadora. Ela aceitou. Por isso começamos aqui, em Aveiro», explica Jorge.
Os grupos funcionam com uma metodologia estruturada, centrada na fé católica, mas acessível a todos. «O luto é um sofrimento integral: físico, emocional, mental, relacional, espiritual... A pastoral propõe um processo de 12 a 30 encontros semanais, com temas como a culpa, o perdão e o desapego. Cada sessão tem três momentos: desabafo, aprofundamento temático e a chamada “cadeia de apoio”, onde cada participante envia uma mensagem positiva a outro membro do grupo», conta Jorge.
Ultrapassar a dor para dar espaço ao crescimento
A proposta, segundo o coordenador, não é apenas de escuta, mas de transformação. «A fé cristã nos diz que a alma é imortal e que nos reencontraremos com nossos entes queridos. Quando compreendemos isso, o sofrimento muda. A morte não é um fim, mas uma passagem.»
Além de encontros presenciais, o primeiro grupo será lançado na paróquia de Santo André, em Esgueira, mas também há espaço para grupos “online”, uma alternativa especialmente útil após a pandemia. «Já acompanhamos pessoas que vivem a centenas de quilómetros umas das outras. O importante é que não sofram sozinhas», afirma. A Pastoral do Luto está presente em 14 países, e agora quer lançar raízes em Portugal. O objetivo é que este primeiro grupo se multiplique por outras paróquias e regiões, com novos coordenadores que, como Ana, decidiram transformar a dor em amor ao próximo. «Eu sou um exemplo disso. Perdi a minha filha de 17 anos, não acreditava em Deus, e o processo de sofrimento que passei, levou-me a buscar o sentido da vida. Encontrei-o na fé e na partilha com os outros. E agora dedico minha vida a isso. Gratuitamente, por amor», diz Jorge.
Para quem atravessa um luto e procura apoio, a mensagem de Jorge é clara: «Peça ajuda. Não tente enfrentar isso sozinho. O sofrimento, se não for trabalhado, enraíza-se e pode destruir uma vida. Mas se for acolhido com humildade e trabalhado com fé, pode transformar-se em crescimento».