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Andou a vender pastilhas para entrar na Universidade de Aveiro e conseguiu!

Em junho começou a vender pastilhas na rua para conseguir realizar o sonho de estudar Marketing em Aveiro e acabou por criar uma onda de solidariedade surpreendente

Raquel Barros é um nome que não merece ser esquecido. Tem 18 anos, é de Lisboa e estava a terminar o 12.º ano quando decide que a Universidade de Avei­ro (UA) seria o seu destino de sonho, mais concretamente o curso de Marketing. Mas, a condição financeira da família não era favorável a uma mudança de vida tão grande e sonhar não basta, «temos que fazer por isso, ir à luta para perseguirmos os nossos sonhos», explicou ao Diário de Aveiro “A Menina das Pastilhas”, como já é conhecida.
Por mero acaso, num dia de junho entrou num supermerca­do e reparou num pacote de pastilhas elásticas com várias embalagens à venda por 1,50 euros e pensou... «se vendesse cada embalagem a um euro conseguia um lucro interessante», e podia começar a juntar dinheiro para rumar a Aveiro. Comprou vários pacotes, fez uma caixa catita e escolheu o Parque dos Poetas para pôr o plano em marcha.
Admite que é muito tímida, mas a vontade de alcançar o objetivo era gigante e depressa percebeu que o “não” está sempre garantido. «Bom dia, estou a juntar dinheiro para ir para a universidade, não quer comprar um pacote de pastilhas?». A frase foi repetida vezes sem conta e, surpreendentemente, a generalidade das pessoas sentia empatia com a Raquel e ajudava. «Às vezes até pagavam mas não queriam as pastilhas», contou, cada vez mais rendida à “onda” de solidariedade que entretanto foi sendo criada à sua volta. Abriu um “crowdfunding” com o objetivo de angariar 3.000 euros, mas que em 60 dias juntou cer­ca de 16.000 euros graças aos donativos de mais de 800 a­poiantes. Houve grupos de pessoas que se mobilizaram e juntaram dinheiro para ajudar o sonho de Raquel, como por exemplo pagarem um ano de propinas... «Nunca pensei que as pessoas fossem tão generosas, nem me conhecem...», dizia com surpresa, mas a verdade é que ninguém fica indiferente à determinação desta menina mulher, cuja vida ensinou a ter tanto de sonhadora como de resiliente e criativa.
«Nunca procurei fama»
Feitas as contas, e esta é uma prática muito presente na vida da jovem desde pequena, «percebi que preciso de 22.000 euros para estudar durante três anos, incluindo propinas, alojamento, alimentação, viagens e material para as aulas». O número parece grande, mas, segundo Raquel, «apesar de ainda não ter o valor total angariado, é como se tivesse», uma vez que pode retirar desta equação a parcela do alojamento.
Mais uma vez, a jovem de Oeiras conheceu o poder da generosidade e da empatia. «Uma senhora de Ílhavo, ao saber da minha história, disponibilizou-se para me receber em sua casa durante o curso e sem me cobrar nada», adianta.
Trata-se de Almerinda, com cerca de 70 anos e a residir sozinha. Tem filhos e netos, mas longe dela, e não conseguiu ficar indiferente à genuinidade de Raquel. «Ela é impecável, deixa-me muito à vontade, faz o jantar a contar comigo e tenho um quarto para mim. Não podia pedir mais», até porque as saudades de casa, dos pais e amigos acabam por ser “amansadas” com a proximidade que está a desenvolver com Almerinda, «uma boa amiga, sempre preocupada e disponível, uma avó». Será o melhor de dois mun­dos sob o mesmo tecto: uma jovem a precisar de ajuda e uma idosa a merecer companhia, e da boa.

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Setembro 26, 2024 . 06:39

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