Faleceu o artesão Manuel Mário Bola
A cidade da Gafanha da Nazaré e o concelho de Ílhavo ficaram mais pobres com o falecimento Manuel Cravo Mário Bola. O construtor de modelos de embarcações e colecionador, cujo espólio foi comprado pela autarquia ilhavense e está patente ao público na Fábrica das Ideias, faleceu, ontem, aos 79 anos, gerando uma onda de consternação, sobretudo, na terra que o viu nascer e onde vivia.
Manuel Mário Bola assinava a exposição “Coleção Manuel Mário Bola”, inaugurada em março deste ano e composta por peças, únicas, que construiu e angariou ao longo de quase meio século por todos os continentes que visitou. Ligado à pesca e Marinha mercante, dedicou-se ao colecionismo e à construção de miniaturas, à escala e com planos, em trabalho manual que desenvolvia na sua “oficina” doméstica.
Nasceu na Gafanha da Nazaré, a 4 de agosto de 1945, tendo convivido desde muito novo com a arte da construção naval. Aos oito anos, começou a trabalhar a madeira para a construção dos barcos, nos Estaleiros Mónica, a escassas centenas de metros de sua casa.
Entretanto, a substituição da madeira, como matéria-prima essencial na construção naval, pelo aço, fê-lo demandar os Estaleiros de São Jacinto, onde entrou como aprendiz de serralheiro e ganhou conhecimentos de Mecânica. Começou como ajudante de máquinas e foi ascendendo até à categoria de primeiro motorista, nos barcos de longo curso e, anos mais tarde, nos barcos da pesca costeira, sempre como chefe de máquinas, função que desempenhou até se reformar.
Este gafanhense “de alma e coração” aproveitava os tempos livres para ouvir homens experientes na arte, consultar bibliografia, documentos diversos e projetos de construção de barcos, para proceder à reprodução, à escala, de exemplares da frota pesqueira portuguesa do bacalhau à linha, com especial incidência na construção dos modelos construídos pelos Estaleiros Mónica.
Manuel Mário Bola era casado com Maria de Lurdes Ribau Ferreira Cravo e tinha dois filhos. O funeral realiza-se amanhã (dia 9), pelas 15 horas, na Casa Mortuária da Gafanha da Nazaré, seguindo, depois, para o cemitério local, onde o corpo irá a sepultar.